terça-feira, 17 de junho de 2014

PARTES


Viver é, sobretudo, partir
Partir o elo que te prende
O umbigo que separa bruscamente
O  início da vida
O início da morte
Para morrer a covardia basta
Para viver, somente tem que ser forte
Viver é força bruta
Brutal contra a própria morte
A vida é um jogo bruto em oculto azar e sorte
Sobreviver é manter-se alheio sobre a alheia morte
Manter-se frio à beira do abismo
Vendo passar por si a fúria cada vez mais forte
Jogando no precipício sem fim mais uma vida
Que agora é morte
Partida
Parta para a vida
Conte com a força, esqueça a sorte.

HYEDA DE MIRANDA CAMPOS 01-06-2014

quinta-feira, 5 de junho de 2014


João de Deus fez um discurso perfeito
Fez um percurso decente
Viveu o que achou direito
Cumpriu sua parte.
João de Deus foi sepultado vivo
Quando caiu no abismo
Onde enterrara a ARTE.
Ambos sepultados não ressuscitarão para o Juízo
Uma vez que as atitudes do João não cobrirão o prejuízo
Nem sua condenação, nem a má sorte da ARTE 
De edificar uma cidade, guiar um povo, abrir um caminho
E deixar que a ignorância floresça em toda parte
Que os livros sejam esquecidos
A boa música silenciada
Os ideais ridicularizados
E a intelectualidade fora de moda retira-se da roda
Dando espaço ao que é comum
E se o comum é tosco e vulgar
Aqui mesmo é o seu lugar!
Seja bem vindo à destruição! 
Entregue seu cérebro à corrupção!
João de Deus às portas do paraíso
Fechadas... e isso é mal
Do lado de dentro Michelângelo comenta sua insatisfação
Quanto à restauração do Juízo Final.