domingo, 25 de dezembro de 2022

Costas


 

COSTAS


Virar as costas 

Virar-se de frente para a vida

Para o futuro e para a estrada.


Nada vejo senão costas

Que virarão saudade

E não carregarão peso.


Abraço pelas costas

As costas

Nas costas...

Solidão em todas as respostas...


Queria dar ao romantismo as costas

Às costas para os sonhos juvenis

Sonhos de um encontro 

Frente a frente

Para o irreconhecível 

Modificado 

Reconstruído

Que mesmo de volta

Não voltará mais!


O tempo nos reconstruiu

De costas...

O tempo 

Nos pesa as costas...

Sem perguntar

Nega respostas.


11-08- 2022

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

PAULO & LILI (Poema de rotinas)

 PAULO  & LILI

(Poema de rotinas)



Lili vive entre as montanhas

Anda na mata

Conhece as flores

Adora as nuvens


Lili sobe em árvores

Come frutas

Ouve o canto dos pássaros

E toma banho de cachoeira


Lili vê TV

Conecta-se com o mundo

E tem seus sonhos.


Paulo vive longe

Na oitava cidade mais populosa do planeta

Trabalha

Conecta-se com o mundo

E tem planos.


Lili viu o mar pela TV 

Se encantou

E não conseguiu imaginar sua proporção…


Paulo não gosta das praias brasileiras

Consulta sempre a agência de turismo:

Quer ver o mar do Caribe

E os corais da Austrália


Um dia a poesia estava passando pela tela

Harmonizada com o Deus do impossível

E viu uma concha…


Poetas não gostam de conchas… vazias…

Inspiram luto em vez de poesia.


Assim, escrevendo na areia

Encomendou uma pérola para Lili

Do fundo do mar.


É a poesia 

Que abre as conchas ao grão de areia

Para que nasça a pérola


Assim

Além dos sonhos

Lili pisou a areia escrita 

Antes do primeiro mergulho.


Lili viajou de trem, de avião e de navio.

Lili mergulhou no mar do caribe

Que nem sonhara.


Hoje Paulo e Lili

Fundem planos e sonhos

Enquanto viajam o mundo

Espalhando poesia.


Ainda é cedo para escolher um nome

Ao futuro que eleva o ventre de Lili

Mas pode-se esperar

Que ande na mata

Conheça o fundo do mar 

Se encante com o universo

Acredite no Deus do impossível

Estude sobre dinossauros e baleias

E planeje viagens interplanetárias.



(Hyeda de Miranda Campos - 30-11-2022)

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

GÊNESE

 

Gênese

 

No princípio: o sentimento.

E era tanta a sensibilidade que parecia loucura

Os olhos da poesia viam além da realidade.

E com a pena de suas próprias asas traçou seu plano de voo.

Voou com as gaivotas, com as águias e com os anjos.

As gaivotas tinham ninhos, águias tinham ambições...

E os anjos se revezavam em poesias e canções.

E lá se vai o tempo em algumas décadas

A cada dia, uma poesia, para a história e a biografia...

O sonho da graduação, da Academia!

Quantos caminhos, degraus e pessoas fazem parte.

Um grande Mestre, uma obra de arte.

Ser poeta é coisa medonha!

O mundo é palco, o esforço é luz

Deus é quem dirige, inspira, sustenta

ELE cerra as cortinas!

A poesia recomeça, renasce, cresce...

Poesia também suicida e morre...

O leitor é vento

Ora por entre as asas

Outrora contra a pequena chama...

Minha poesia mais bonita veio em forma de criança!

Cresceu.

A lição de amor que Deus me escreveu.

Eu leio e releio com olhos poéticos...

No princípio: o sentimento.

E era tanta a sensibilidade que parecia loucura.

 

(Hyeda de Miranda Campos)

 

Hyeda de Miranda Campos, nascida em 18 de julho de 1974.

Autora de nove trabalhos solo em poesia, prosa, conto e novela.

Estudante de Jornalismo, autora, performer e Produtora Cultural gerencia o projeto POESIA AOS QUATRO CANTOS e a grife artística e Espaço Cultural Mir@nde-se

No prelo sua Tetralogia Poética que celebrará seus 30 anos de carreira em 2023.

Sócio correspondente da Academia Corintiana de Letras , Membro Vitalício da AILAP e sócio fundadora da Academia Riovermelhense de Letras e Artes.

 

 

 

 

 

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

BraGIL (de versos)

 BraGIL (de versos)

(Hyeda de Miranda Campos)


Brasil

De Caetano e Gil

Gil Ministro, Gil cantor, autor, compositor, Gil Baiano…

Imortal da Academia de Letras, Gilberto Gil

Gil sorriso, Gil energia, Gil do Reggae, Gil Brasil

Gil que descalço sobe ao palco, e a “alma cheira talco”…

Gil que nos encanta e representa!

O homem negro, baiano, brasileiro!


Somos Brasil!

Éramos índios até a chegada dos Portugueses…

Iracemas despertas a inspirar os poetas!

E de um dia para o outro, vieram os navios negreiros

Que com seus cantos de tão longe

Povoaram nosso país inteiro…

Agora sim! 

Nativo, europeu e africano…

E os nossos costumes, então?

Tenho um quê de sinhazinha com muito de Chica da Silva!

Sou Carlota Joaquina…

Ah! Mas e a Elza Soares que canta aos meus ouvidos?

Essa mulher maravilhosa, forte, sempre viva com sua arte!

A mulher do fim do mundo!

A voz do milênio, nada menos!

Estrela guia que encheu de luz o caminho da dor!

Ser mulher é desafio

Desde Maria: “Dom e Magia! É o som, é a cor, o suor…

Mistura a dor e a alegria!”


Ah Brasil!

Que na sua extensão tem todo o mundo;

O frio do sul, a floresta, as minas, as praias… os sertões!

Ah Brasil diverso e diversificado

Versos dos poemas e canções!

Porque cremos em Deus e nossas rezas são distintas

Rezas, preces, orações… cultos e crenças…

bênçãos e também benzeções…

O pão nosso de cada dia:

é pão, é bolo, acarajé e farinha!

Temos vinho, cachaça, água de coco e café colonial.

Temos favelas, palácios, escolas e bibliotecas

Temos ciência, tecnologia…

Temos os poetas!

Que para dizer do que somos, se desdobram…

Somos tanto e tão pouco

Diferentes sonhos em um universo

Com cor, raça, crença e sexo próprio!

Somos únicos em busca de um todo…

Diferentes sim! 

De versos

Diversos!

domingo, 31 de julho de 2022

AGOSTO

 Tenho pelo mês de agosto forte predileção pela sua capacidade de impor claramente a urgência que é viver. 

Tempo de movimento.

Quando a água parada do comodismo se sacode e revela o lodo do fundo da alma.

Feliz daquele que tem luz, porque nessa hora brilha como os espíritos que vemos nas gloriosas ilustrações. 

Para mim o movimento é lodo.

E hoje quero limpar,  entornar, transpor.

Sei da dor que isso causa. Sei também que nada pode doer mais que a espera. Principalmente quando não há esperança e sim desespero.

Esperar que as pessoas respondam quando nunca foram perguntadas... e que se importem quando nem sequer sabem o que se passa. Esperar que

 cheguem se não há lugar algum para ir...

Meu hoje não é mais um dia. É um dia único... estou um dia a mais perto da morte.

sexta-feira, 1 de abril de 2022

POESIA AOS QUATRO CANTOS - ABRIL 2022 - Divulgação


    Saudações poéticas!

Aqui estou eu na divulgação:

 do meu projeto POESIA AOS QUATRO CANTOS

do meu espaço ESPAÇO CULTURAL Mir@nde-se de Poesia Autoral

com meus produtos e contatos!





 

quarta-feira, 23 de março de 2022

CUPIDO

 

 Cupido

 

 

Quisera eu apaixonar-me por um advogado

Um policial

Um político safado

Um empresário bem sucedido

Um médico determinado

Um astronauta estranho

Um cientista aloprado...

Ah não!

Um professor universitário

Um engenheiro graduado

Um homem de terno e gravata

Um manequim quebrado

Quisera eu acreditar no Príncipe Encantado

O Juiz, Magistrado...

O malandro, folgado!

Nenhuma figura me seduz

E o Cupido, coitado!.

Incompetente e humilhado

Com suas flechas inúteis

E seu caráter deturpado...

Não sabe que a maldição da arte

É o coração alado

O pensamento distante

Ah! O amor incompleto

Platônico

Poético

Sonoro

Sonhado!

03-05-2020

segunda-feira, 21 de março de 2022

ANTES DA PRIMAVERA

 Antes da Primavera


Sou disforme 

Com raízes, galhos,

Ramos, folhas

E ervas daninhas.

Mais internas que externas ...

E não vejo sementes!


Minhas raízes atravessam pedras

E não conduzem seiva

Aos galhos tortos

Nem longos, nem curtos.


Ramos são o melhor de mim!

Têm um alegre descompromisso

Uma liberdade dançante 

E se alimentam de vento!


Vento que leva em voo as folhas

Secas, amassadas

Ou cheias de poesia.


É a erva daninha o desejo

E o vento que canta seu par.

Ela que não voa , me sufoca

E ele não pode parar! 

Ela se alastra rapidamente

Sabendo que ele não voltará 

Se lança à todos os ventos

Não sabe ir e nem ficar...

De dia em direção ao sol

A noite exposta ao luar

Não sente as estações 

É inocente ao me matar.

É viçosa e fértil 

Sempre disposta a se entregar

Quando podada se revigora

Resiste, persiste em brotar!


E eu queria a Primavera

Que me cobrisse de flores

Coloridas e perfumadas

Que fossem colhidas pelos amantes

Entregues aos beijos às suas amadas...

Flores que depois da serenata

Fossem deixadas nas calçadas 


Maior parte de mim é erva

Sem saber que me incomoda

Para ensinar-me talvez 

Que antes da Primavera vem a poda!


21-03-2022 

DIA MUNDIAL DA POESIA


domingo, 13 de março de 2022

Tributo ao bom PASTOR

 



Sem arquibancada...

Mais terra que gramado...

E as chuteiras então...

As marcas de um sonho realizado!

Uma bola que rola

Gira o mundo e muda destinos.

Afasta as nuvens e abre o sol.

Os bons homens de hoje

Foram um dia meninos

E jogaram FUTEBOL.


(Job Pastor Costa)

Escrito em 26 de julho de 2020

quarta-feira, 9 de março de 2022

RASCUNHO

 RASCUNHO


Me deito, te fito

Nada será feito

Nem dito

Nem bem

Nem mal 

Sonho

Ação INDIZÍVEL!


( um dia (não sei quando) em Vitória - ES)

Roubando papel de molde do Ateliê DEVIR

quinta-feira, 3 de março de 2022

MEU

 Era o caminho da Praia

Cortado pela tempestade

Já visualizara o farol

Quando você mergulhou.


Sem tempo para pedir que ficasse

Impedir que se entregasse 

Ao mar de sentimento 

Que era meu...


Era meu 

Todo o esforço 

O trajeto 

A tragédia 


Era meu

O coração incompleto 

Complexo

Vazio


Era meu 

O barco que seguiu o vento 

E nunca chegou ao Porto


Era meu

O mar de sentimentos

Que te cobriu 

E te afogou 

Por não seres nunca

MEU.

CINZAS

 Cinzas

Mas foi tão linda a fantasia!

Onde o sorriso de menino

Iluminou o rosto maduro 

E ela além das cortinas 

Se fortaleceu 

Alimentando sonhos

De um caminho traçado para dois

Que será de novo sozinho

Cinzas

Ela tinha as chaves

Ele a porta.

Ela sabia das escadas

Ele negava respostas...

Vazio

Assim é seu palco

Fenix 

Cinzas...

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

O que o coração escreve ...

 

TOCAR-TE

 

 

 

Ela varre o chão

Como um céu de estrelas

Ouve uma estranha canção

Ouviu-a vida inteira.

 

Portas fechadas eu sei

Esconderijo sujo

Por trás da nova lei

Sem sonhos eu não fujo

 

Linhas, cordas, pautas, partituras...

Poucas moedas

Eu sei

O quanto a vida é dura...

 

Sonhos que resistem

Quando a vida diz não

Luzes que se acendem

Nas cordas de um violão

 

Há uma saída (haverá)

Uma chance, um portal

Um sonho levando o outro

Cegos no vendaval

 

Ela tem medos e desejos

Ponta dos pés sem sapatilhas

Ele, nas pontas dos dedos: 

Acordes de um novo dia!

 

Virá

Quando na noite estiverem unidos

Festival e celebração

E a alegria estampada no riso

Virará poesia e canção

 

Prazer às portas do paraíso

Corpos além da solidão

Contudo será preciso

Tocar seu louco coração

 

Preenchê-lo

Dilacerá-lo talvez

Para que se reconstrua

Melhor que a primeira vez

 

Dois em vez de um

Matemática e razão

Ela em letras e linhas

Enquanto ele caminha em outra direção

O encontro é a esperança

O silêncio é condenação!

 

18-02-2022

15h

 

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Resposta ao que o coração escreve

 


Chove sobre a cidade

Silenciosa e calma

Chegando o sono

Que me toma o corpo

E confunde  alma.

Tenho olhado o caminho

Sem pisar o chão

Tenho construído ninho

Pousado em canção

Envolta em silêncio

De uma mensagem não respondida

Tem sido assim

Essa presença ausente em minha vida.


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

O QUE O CORAÇÃO ESCREVE - 7




 CIRANDA ( O MUNDO GIRA)

Foi quando a loucura desfez o ninho
Sem antes saber o que era o céu
E pena de passarinho é tão pequena
Pequena para tanto papel
Silêncio em bico fechado
Coração partido
Poema rasgado
Poeta sozinho
Hipnotizado
O mundo gira
Gaiola e refeição
O mundo gira
Acordes de violão
O mundo gira
Poesia e canção
O mundo gira
Envolto em nuvens de algodão
Que o mundo pare
A ciranda da solidão
Se tu chegares
Minhas asas se abrirão
Meu canto e o vento
Sintonia e canção
E vem o tempo
Vem a hora
Vem a dor.
Amanhecendo toca o despertador
E o passarinho que o ninho abandonou
Tornou-se um cuco, infeliz do sonhador!
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022
17:59:27

O QUE O CORAÇÃO ESCREVE - 6

 Depois e ainda... ( DesenTOADA )

Outra vez
O coração disparou
Como antes
O brilho nos olhos
O sorriso tolo
As mãos trêmulas
E uma voz preenchendo o abismo da vida
Eu dançaria pra você
Se você pudesse me ver
Mas há um abismo entre a sua voz e o meu corpo
Há a frase imposta que não queremos ouvir
Não queremos saber
Não podemos mais carregar
É preciso apaga-la da nossa história
Da minha e da sua...
E quando me sento para falar
Não há o que dizer
Não entendo quem sou aqui
Sei mais de você que de mim
E tenho medo de tudo outra vez
Não ter e não ser nada
Talvez seja a cega segurança
Seja o silêncio
Seja a morte
O alívio de não se repetir
Porque os sonhos ainda existem
Amanhecem depois da noite escura
Contam que há estrelas
Mas não podemos vê-las...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Semente (regada a passado e presente)

 




 

 

SEMENTE

(Regada a passado e presente)

 

Ainda não se foi um século

Desde a sua emancipação

Mas suas raízes crescentes

Seu curso infinito

Impulsionam meu coração!

 

Rio Vermelho é rio e é terra

Hoje é amor, ontem foi guerra.

É orgulho, foi espera!

No seu hino palavras de ordem

De um bem querer para uma nova era!

 

Quero-te Rio Vermelho

LIVRE

Como na infância singular

Das fotografias em preto e branco

Da praça, dos bancos,

Das ruas vermelhas pra correr e brincar!

 

Quero-te Rio Vermelho

EXCELSO

Desbravando fronteiras

Dando asas aos seus filhos

Que lá de fora te olham

E amam, e voltam.

Voltam trazendo alegria!

 

Quero-te Rio Vermelho

FELIZ

Porque choramos na partida

Mas a estrada ainda é a mesma

Independente do caminho da vida.

 

Quero-te Rio Vermelho

GLORIOSO

Cheio de vida, de flores, de luzes.

De braços abertos a receber seus filhos

A acolher quem volta

A abençoar quem fica!

 

Há em cada um de nós

Um Rio Vermelho de encher o coração

Com banda de música, barraquinhas e procissão.

O repique do sino

O cheiro do almoço

O calor do abraço e o aperto de mão.

 

Parabéns Rio Vermelho

Porque grande é o seu povo

Felizes são seus filhos

E a todos que te amam

Bebendo de suas águas ou não...

Abençoada seja a porta sempre aberta

Nossa terra, nosso chão.

Nosso amor, nosso rincão.

 

Parabéns Rio Vermelho

Da minha poesia a inspiração

Do meu sangue o curso, a veia.

Dos meus pés o torrão!

Do futuro minha semente

Regada a passado e presente

Eternamente em meu coração!

 

Hyeda de Miranda Campos

Rio Vermelho, 18/01/2022

 

Assista

https://youtu.be/eorM3d9F1mw 

 


domingo, 16 de janeiro de 2022

Modificados

 

MODIFICADOS

 

Os novos tempos alteraram nossos caminhos

Mas a caminhada segue!

Não estamos sós!

Embora a solidão aconteça, temos mais armas para combatê-la

As redes sociais nos permitem contatos

Contatos nos alegram

Alegres, vivemos melhor!

Aprendemos a dar e receber notícias

A importar com a rotina das pessoas queridas

A compartilhar mais de nós!

Ouvimos as canções com o coração aberto

Elas trazem saudades, lembranças...

Mas também nos enchem de esperança!

Estamos mais abertos a aprender

Reaprender a viver

Essa é a tarefa para mais um ano!

Um ano que será marcado pela gratidão

Pela simplicidade

Pela renovação

Um tempo precioso

Em que a humanidade é convidada ao novo

Que parece o fim

Mas é um começo, um recomeço.

Modificado!

sábado, 15 de janeiro de 2022

Família

 

 

 

 

A GUIAR

 

 

É do chapéu do avô

Que me saem memórias

Dos passos da avó

Que me compõe a história

Descem pela testa

Porque o suor construiu o que somos

Escorre pelos olhos

Hoje enrugados

Mas passam pelos lábios

Onde se esboça um sorriso

De canto de boca e gratidão

E desce o choro

Pelo pescoço

Pela medalhinha santa

Até o coração

No coração está a poesia

Envolta na poeira da estrada

No cheiro da cozinha

E nos mistérios de uma casa.

 

A casa da fazenda.

Era possível vê-la desde a ponte

A linda ponte de madeira

Que parecia a maior do mundo

Alta e perigosa

Porque éramos pequenos e inocentes!

A ponte de tábuas

Por onde passava o jeep

Por onde passava o rio...

E a areia branca?

Era verdade!

Era produto de limpeza

E usada para encher os vasos

Que em vez de flores

Tinham penas de pavão.


Infeliz

Quem nunca se sentou

Em uma das quatro cadeiras estranhas da mesa de centro

Onde tinha um calendário giratório

Quando ninguém sabia o que era o passar dos dias.

Da janela, as cercas da horta cobertas de bucha,

Melão de São Caetano e outras folhas.

Ninguém queria saber se produzia ou não

Mas a água corrente que se pegava na cuia era bom sinal

 

Sinal de que estávamos crescendo a cada ano

 

Quando uma nova horta foi feita

La embaixo

Percebemos a proximidade entre a casa e a ponte.

A ponte coberta pela enchente de dezembro

Quando estávamos todos lá!

Chegamos anos antes da energia elétrica!!!

Tivemos narizes pretos de lamparina

E corações assombrados pelas histórias de fantasmas!

Crescemos usando a casinha...

Que na noite escura de nada nos servia

Negando socorro aos nossos apertos.

Tomamos banho no chuveiro de lata

E conhecemos o sabão preto

Conhecemos o luxo do lampião a gás

Da radiola à pilha

Do balaio de sabugo

Do relógio de parede!

 

Mas a hora de dormir era marcada pelos adultos

E rigorosamente obedecida

Após o leite, o aterro, o disputado banquinho...

Eles jogavam truco, riam e contavam piadas...

Nós dormíamos!

Sono profundo nos colchões de palha

Os mais crescidos já sabiam alguns segredos

Roubavam os biscoitos da Tia Bininha no armário.

Ela que fazia nossas petecas

E era tão criança quanto nós!


O dia era de aventuras tantas

Os copos de alumínio no fogão

Cozinhando farinha para servirmos o leite

A Tia Lica descendo a escada de madeira

Levando bandejas para a coberta

Essa que víamos pelas frestas do assoalho,,,

O Louro que às vezes assobiava

Também tinha fama de perigoso

Fugíamos dele!

 

Ah! Se ele levasse no bico nossa saudade!

Se as penas da vida fossem ainda

Longas, majestosas e coloridas,

Como das aves que conhecemos

Ou desafiadoras da gravidade

Como as petecas da Tia Bininha...

 

Ah! Se a saudade fosse doce como rapadura

Como “Puxa” na cuia d’água

Como o tacho de laranja da terra...

A saudade não é doce

Nem de leite, nem de figo...

A saudade não se trata com homeopatia.

 

Todos nós temos uma saudade enorme

Que nos acompanha e cresce a cada dia.

Até à cadeira de balanço

Onde contaremos memórias

Semeando esperança e alegria.

Vamos regá-las com água da bica

Para que cresçam frondosas

Como o pé de jaca ou o de jatobá

Onde entre balanços e tombos

Aprendemos a voar

Que nosso coração transborde amor

E seja ele A  nos GUIAR!

 

DIA DO LEITOR

  Aconteceu em 07 de janeiro de 2022, no Espaço Cultural Mir@nde-se de Poesia Autoral a comemoração ao Dia do Leitor. Reunidos, autores, leitores e colaboradores culturais da cidade de Rio Vermelho- MG.

A autora Hyeda de Miranda Campos apresentou o resultado do Sarau Virtual Mande Notícias  edições 2020 e 2021 onde mandou notícias de Rio Vermelho -MG.

Sinceros agradecimentos a todos os leitores! 2022 é a vez da poesia nos palcos. Todos convidados!


Link do evento:


https://youtu.be/OrMC2sEL5gs 


https://youtu.be/OrMC2sEL5gs 


O QUE O CORAÇÃO ESCREVE (5)

 CARNE


Quantos morreram tentando

Descobrir a fórmula

A cura

O emplasto?

Quantos morreram solitários 

Em seus laboratórios 

Seus ateliês 

Suas bibliotecas???

Porque a escrivaninha 

É também leito de morte

Se o poeta não voa 

E  é a arte a cicuta diária 

Em doses de menosprezo 

Se o teto da Capela rui .

Ah! A cicuta, o cálculo, a botânica 

E a anatomia...

Que efeito tem na rota da terra

A famigerada poesia???

E os poetas com seus lutos e sonhos

Amores suicidas

E sombrios corações...

Como podem ser luz

Centelhas da grande explosão? 

O silêncio 

A dissonância 

Os fios da bomba 

O ponto de fuga

A morte em solidão 

O caos, a sombra, a treva

Tormentas e emoções.

Poetas morrem aos poucos

Por dores e desilusões.


(Hyeda Miranda - 11/01/2022)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

O QUE O CORAÇÃO ESCREVE (4)

 DESMAIO


São muitos os monstros

Os incêndios 

Os precipícios

E as marés 


A encruzilhada 

O cruzamento 

O encontro

A escolha...

Mas pior mesmo

É a espera.


O silêncio me desespera!


Não temos tempo

Não teremos...

Não seremos felizes 

Se a paciência não nos invadir.


Venha ela como um encanto

Como um efeito

Do chá bem feito 

Na bandeja de café da manhã 


Venha a paciência 

Sobre a louça quebrada

A vidraça suja

E a solidão no espelho do banheiro.


Venha a paciência 

Desmaiar sobre a escolha.

Porque foi pela ausência dela

Que a realidade se impôs. 

Nos pôs a esperar 

Paciente... mente...

Mente... Mente...


(Hyeda Miranda, 10.01.2022) 15:08

O QUE O CORAÇÃO ESCREVE (3)

 


PAIXÃO


Sua chegada apaga a espera

Seu sorriso anula meu choro

O brilho dos seus olhos pára o mundo

Seu corpo engole meu poema!


II

Sedenta

Cedo-me

No lençol de seda

BRANCO

Dois pontos verdes de luz!

domingo, 2 de janeiro de 2022

CHUVA

 Quem me dera que a chuva

Me lavasse a alma

Aliviasse meu desejo

E me ensinasse ser de passagem.

Porque ser intensa dói!

Queria ser como a chuva

Se não soubesse meu próprio ciclo

Me concentrar , condensar e cair...

Depois a escuridão e o centro da terra...

E onde fica a poesia? 

Fica em um corpo

Molhado pela chuva.

E ao que chamamos vida

É a evaporação

A paixão 

Que somente o coração pode sentir.

Dói saber o quanto é breve!

Mas a intensidade 

É o que mantém o ciclo.

E a seca pode ser ainda mais intensa!

o que o coração escreve (1)

 INFERNO EMOCIONAL


Meu coração é tolo

Como meu riso

Que não faz acepção de pessoas

Sorrio para o mundo

E para o mundo abro o meu coração 

O passar dos anos não me curou o romantismo

Ainda sonho

Sonho abraços e sorrisos

Ainda com as cicatrizes da realidade

Meu coração busca companhia

Para um sonho a dois

Dormir e acordar em um abraço

Hoje eu sei que se mudaram os braços

Mas a busca permanece.