terça-feira, 16 de dezembro de 2014

VOZ



Saber de mim mesma
pela minha sinceridade
quando expostas da alma
as veredas e as verdades
do coração os valores
da mente, abismos e temores.
Saber de questões e respostas
Refletidas em olhares e sorrisos
Da voz que nunca se cala
me carrega e me move
me acolhe, me estraçalha.
Que seja a vida um show de rock n roll
Sem silêncio nem ecos de dor
Que seja o palco a eternidade em luz
e seu corpo ( no meu) semente de amor.


Foto de Hyeda Miranda.
Foto de Hyeda Miranda.

Céu de MInas


Vozes fora do mercado
Dizei
O que farei com tantos MCs e DJs
É chegada a hora enfim
Em que abrirei então mão de mim?
Da minha cultura e do meu gosto?
Do sorriso mineiro no meu rosto?
Do orgulho das montanhas e do Jequi?
Explicai porque encontro aqui a contradição
E o que chamam de arte me chega como aberração?
Estrelas do céu de MINAS
Vozes
Onde estão?

domingo, 7 de dezembro de 2014

Seiva



Numa confusa visão
Da mulher encostada na árvore
Imóvel e tão entregue
Parecia ter dela brotado
Como um galho torto
Um fruto meio morto
Um aborto
Encostada na árvore
Misturava-se
Confundia-se
Buscava-se
Mulher poema sem raiz
Maculadas folhas ao vento
Que tocavam seus dedos de seiva
Por aonde vindo da alma
Escorriam sentimentos
Contemplei-a sem poda
Derramei sobre ela
Transparentes lágrimas sem motivo
Que como asas de borboletas inquietas
Sobre a figura poeta
Fizeram-me fechar o livro.



domingo, 23 de novembro de 2014

POUCO MENOS

POUCO MENOS

Desejo crescente
Deste lugar distante
Te vejo
Te ouço nitidamente
Grito e você não responde
Fantasio enquanto você se esconde
Montanhas de Minas
Sol no Horizonte
Belo
Onde?
Voz das montanhas
Embalando os vales
Vens das montanhas
Para todos os lugares
Menos ao lugar distante
Onde o vento convida aos amantes
E sussurras ironicamente
Pela palavra poesia agora sem tons
Que espere um pouco menos que eternamente..

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Ao meu encontro

Ao meu encontro

Há uma clara mensagem
Avisando que alguém virá
Para matar a saudade, sorrir e abraçar
Discretamente pergunta
Onde mesmo você está?
Se disser “em casa” não basta!
Pois não se sabe ao certo
Onde fica este lugar
Quanto mais se explica
Mais é preciso explicar.
É algo além do endereço
Da beleza e do preço
E das tantas vezes que você pode se mudar.
Casa é canto e aconchego
Barulho e sossego
Tudo que se reúne enfim
Casa é onde estou agora
Aonde eu chego e vou embora
Onde me encontro ardendo

De saudade de mim.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

IN formação

 IN formação

João não brincou de roda
Na roda da vida foi grande a perda
Não jogou os jogos da infância
Perdeu a dança
A recompensa
A sentença.

O ser informado
Ainda em formação
Disforme
Uniforme
Que se forme um homem
Que se quebre a fôrma
Que se crie a forma
Que se reforme
Que se crie um homem
Que renasça e ame
Que cresça e reclame
Que tenha voz
Que rogue por nós!

Para que na ciranda não se perca
O pouco de vida que ainda resta
Depois do vinho e da veia
Acreditai ainda na festa.

Depois de tudo o que sonhamos
Quando pequenos, deixamos
Quando adultos, abominamos
Quando sofridos, clamamos
Depois de ido o tempo de viver...
O que ser?
 Ignoramos.

O giro da alma sem calma, sem cama
O castelo encantado, o fado, a lama
A dimensão do erro, o berro, a chama!

Quando o maior dos medos era o bicho papão
E todo o realismo era a própria ilusão
Quando a roda ainda era viva
E a vida era uma canção
Saber cantar, brincar de roda,
Onde uma mão encontrava outra mão.


Lá vai Maria, procurar João
Esconderijos de infância, tolos e previsíveis
Como atitudes adultas, justificáveis ou incabíveis

Se esconder para ser encontrado
Contar um, dois, três... Até um milhão!
Até um dia
Até, João!

Um dia brincar, outro não!



quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Paralelepípedos

PARALELEPÍPEDOS

Leve-me para casa
Para que lá eu faça as coisas tolas
E depois destas
Sem descanso
Farei as grandes.

(Feliz por um novo no trabalho).
19-10 17:42

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Poema Ideal

POEMA IDEAL

Quero um poema diário
Que deixe a cama pronta
O café servido
As louças limpas
E a toalha na saída do box
Depois do banho na temperatura e no tempo ideal
Quero um poema de cabelo escovado
Unhas prontas
Contas pagas
E um suave perfume vitorioso
Quero um poema sorridente
Com sorriso de dentes brancos e certos
Com beleza superior ao cartão do dentista.
Quero o poema ideal!
Hei-de escrevê-lo com a caligrafia perfeita
Em papel nobre de tom suave
E publicá-lo na página inicial dos meus sonhos.
Vou emoldurar o poema ideal e adormecer ao lado dele.

II
Vou acordar poeta de novo
Com direito a um dia de cada vez
De cama desfeita
Café sem doce
Toalha suja
Banho frio
Cabelos despenteados
Unhas sem cor
Boletos vencidos
E cheiro de quem vai à luta todos os dias
Este poema será capaz de me fazer rir de mim mesma
Com uma força superior e um novo ponto de vista.
Serei um poeta banal!
Com digitação imperfeita
Usando uma rede social
Rasgando em pedaços outros pedaços de sonhos.
Sem moldura, questionando o ideal
Acordada apenas comigo ao meu lado.


sexta-feira, 10 de outubro de 2014

UM DIA

Amanheceu
Fechadas as portas do mundo dos sonhos
nenhuma chave
nenhuma senha
nenhuma palavra mágica
Você tem um coração sombrio
um amor suicida
uma ignorância crescente
Sabe no entanto que ninguém te salvará
senão vc mesmo
e despida de sonhos você não tem nenhum poder
Descrente e fria você sobrevive mais um dia
No íntimo querendo que fosse o último
mas o elo que te prende não pode ser desfeito
Chama-se realidade
Fruto de tudo que um dia foi feito.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

IRREGULLAR



IRREGULLAR



O que é isso José?

José de Ribamar!

De Ribamar Ferreira!

Ferreira Gullar!



Um Pouco Acima do Chão

São Luiz do Maranhão

Cretino e Neoconcreto

Teatro de Opinião



Uma Luz do Chão

Setenta e duas horas de interrogação

O que é isso José?

Esse Poema Sujo a jorrar do seu coração!



Boa viagem José

José de Ribamar

De Ribamar Ferreira

Exilado Gullar



Na Vertigem do Dia

Ou Dentro da Noite Veloz

Jorrai torrente poesia

E afogai a todos nós!



Porque tenho da poesia a fome

Fome estranha que não sacia

Fome ferrenha, fome vulgar

Fome Ferreira, fome Gullar



Eis a dor e a tortura

A muda injustiça que me consome

Se correr o bicho pega

Se ficar o bicho come



Além dos limites do mercado

Do preço da farinha e da vergonha

Barulho

Muitas Vozes

Ser poeta é coisa medonha!



A Luta Corporal

O Vil Metal

O santo morto pelo homem mau

Os soldados armados de paz

Amados demais

Que Por Você e Por Mim

É claro, não existem mais!



Ser poeta é coisa medonha

Ofício de mortos

Que pela morte se vive

E pela vida se sonha


Sonho sonho

A sonhada

Poesia

contra o muro

duro

ameno ameno

menos que duro

menos que ameno e duro menos que sonho e escuro

escuro

mais que escuro

claro:

como alma? como poesia? claro mais que claro: coisa alguma

E tudo

Sonho ( ou quase)

Que o meu verso fabrica e vem

Sonhando desde as entranhas

Sonho

Era fato

Sonho

Era o ralo

Sonho

Um sonho raro

Sonho

Mo nos si lá bi cu.


CAMPOS, Hyeda de Miranda
21:32:22
sexta-feira, 8 de agosto de 2014


quarta-feira, 9 de julho de 2014

Alma


CONTATO

Não seja gentil
Porque eu sou cruel
Não seja doce
Porque eu sou fel

E não me olhe nos olhos
Porque virarei as costas
Em mim fervilham perguntas
Em você repousam respostas

Sim, eu te peço para ficar
Porque sei que irei embora
Aquilo que me fascina, me eleva, me devora

E sobre amar
Fantasio saber, mas ignoro
minha fantasia é negra
meu balé é solo.

TEATRO MÁGICO
Estavam no ar, na terra e no mar.
Como pássaros de grandes asas, homens de grandes cérebros e peixes de grande beleza.
Em mutações constantes desrespeitaram o limite entre o dia e a noite.
E como se não bastasse, romperam os limites entre os três ambientes naturais da vida.
Mantiveram suas asas para atravessar a noite e se misturar aos homens.
No mar, causaram as tempestades e criaram as sereias.
Longe do sol, amaram a lua, e dela aprenderam a poesia.
Na rapidez da fuga aprenderam a dança.
No caráter do homem, com suas tão diferentes expressões tornaram-se mascarados e ilusórios.
«A realidade das coisas, não é a prova de que elas existem, mas de que você encontrou o lugar onde elas estão.»

Bem vindo ao Teatro Mágico dos Vampiros Poetas
Onde estão somente os RAROS!
21-06-2005

Querido Richard
Aqui repouso após meu primeiro voo
Para compartilhar o ar da glória e a dor da alma.
Minhas asas cresceram Richard
Visíveis para todos os mortais.
Foi divino e terrível Richard
Porque estive entre eles toda essa vida
E quando eu chorei Richard,
Minhas lágrimas desceram a terra
Mas meus olhos buscaram o céu.
Durante anos rastejei Richard
Sob frios olhares rastejei
E quando me contorci em escuridão
Ninguém me hospedou
Adoeci Richard
Mergulhei em dor e trevas de solidão
Escondi-me Richard longe de tudo
Mas amanheceu e eu vi o sol
Vi as asas de um grande anjo
Na infinita parede de tábuas
Eu vi a luz!
Então minhas asas rasgaram a pele
Cresceram em alívio
Alívio de alma e coração.
E eu voei Richard
Lancei-me além dos rochedos
Em direção ao mar
E o mundo abriu-se em luz e ondas
E fantásticos sons
Que anunciando uma nova vida
Levaram-me mais e mais alto.

Minha ingenuidade me fez pousar
E caminhei de novo entre os homens
Foi grande o martírio
E intensas as dores
Julgaram-me um monstro
Desejaram-me a morte
E nada quiseram ouvir de mim.
Banido
Como antes
Vivo
Como nunca
Em voo
Para sempre!

Setembro


terça-feira, 17 de junho de 2014

PARTES


Viver é, sobretudo, partir
Partir o elo que te prende
O umbigo que separa bruscamente
O  início da vida
O início da morte
Para morrer a covardia basta
Para viver, somente tem que ser forte
Viver é força bruta
Brutal contra a própria morte
A vida é um jogo bruto em oculto azar e sorte
Sobreviver é manter-se alheio sobre a alheia morte
Manter-se frio à beira do abismo
Vendo passar por si a fúria cada vez mais forte
Jogando no precipício sem fim mais uma vida
Que agora é morte
Partida
Parta para a vida
Conte com a força, esqueça a sorte.

HYEDA DE MIRANDA CAMPOS 01-06-2014

quinta-feira, 5 de junho de 2014


João de Deus fez um discurso perfeito
Fez um percurso decente
Viveu o que achou direito
Cumpriu sua parte.
João de Deus foi sepultado vivo
Quando caiu no abismo
Onde enterrara a ARTE.
Ambos sepultados não ressuscitarão para o Juízo
Uma vez que as atitudes do João não cobrirão o prejuízo
Nem sua condenação, nem a má sorte da ARTE 
De edificar uma cidade, guiar um povo, abrir um caminho
E deixar que a ignorância floresça em toda parte
Que os livros sejam esquecidos
A boa música silenciada
Os ideais ridicularizados
E a intelectualidade fora de moda retira-se da roda
Dando espaço ao que é comum
E se o comum é tosco e vulgar
Aqui mesmo é o seu lugar!
Seja bem vindo à destruição! 
Entregue seu cérebro à corrupção!
João de Deus às portas do paraíso
Fechadas... e isso é mal
Do lado de dentro Michelângelo comenta sua insatisfação
Quanto à restauração do Juízo Final.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Engano

Recaiam sobre mim agora
Todas as pregações e teorias
sobre libertar-se do passado
E eu direi
Que todas as suas escolhas inocentes
Toda a sua fé depositada em carta branca
Toda sua ingenuidade
Virá como fogo avassalador a te destruir
E que ninguém terá piedade de ti
E de nada te servirá sua bondade
Senão para aumentar sua condenação.

Quisera eu ter rasgado o modelo
Tão logo me foi mostrado
Melhor seria a nudez total
Que as cicatrizes mal curadas
Internamente apodrecidas
De um sentimento tolo e unilateral...

Malditos sejam os que cultivam sentimentos em vez de moedas
Malditos os que sorriram e abraçaram sinceramente sem apunhalar
Sem calcular o lucro oferecido pela ignorância alheia.

Malditos , mil vezes malditos, os que disseram amar
Porque enganaram a si mesmos
E agora padecem nas trevas.

HYEDA DE MIRANDA CAMPOS

20-02-2014

terça-feira, 25 de março de 2014

Defeito = ou # de efeito

Pane!
Pânico!
A máquina diária hoje apresentou defeito
Vomitou tinta de cor estranha
Tinta peculiar
Defeito!
"Imagine uma máquina
que tenha seu próprio jeito..."
Impossível!
 Máquina não tem peito
não tem personalidade
não sabe o que é respeito.

Máquina é a engrenagem e sua manutenção
Não tem sangue, cérebro ou coração.

- Se alguém como você se parece com uma máquina?
-Oh! Claro que não!

Imagine se ao olhar seus erros... tão curvos no gráfico da vida...
Sua genialidade mórbida não os justificaria em forma de cifrão?
- Veja que sim! Saiba que não!
Agora é preciso limpar a tinta derramada
Pois o segundo turno começa ao meio dia
limpe tudo, sem deixar vestígios
E não dê ouvido à Poe$ia

CAMPOS , Hyeda de Miranda.