segunda-feira, 29 de novembro de 2021

ALÉM DO OLHAR

 

 

 

ALÉM DO OLHAR

 

(Dedicado a Rodrigo Estêvão e às estrelas o Instituto São Rafael)

 

Quisera eu somente

Ver o mundo com outros olhos

Sentir o vento de outubro

Entrando pela porta da frente.

 

Depois do dia de trabalho

O sonho se torna urgente...

 

Quisera eu que a vida fosse mais do que vejo

Pelas telas planas da tecnologia

Mais que chegar ao fim de um longo dia

Em prece, inspiração, poesia e desejo.

 

Não pude ver as grades da gaiola

Ou a Rosa do jardim

A Dama do Vale...

Os olhares das crianças da capa

Nunca foram tão profundos assim!

 

Encantada demais com o cantar dos anjos

Que confundi com pássaros

No paraíso do palco flutuante em mim.

 

Páginas ressurgiram do fundo da alma

Emoção não se controla e não se acalma!

Intensidade

Mais e mais

VIDA

Além

Além das páginas e notas musicais

Vozes e olhares

Lentes, filtros, luzes, sons...

 

Despir-se de si para vestir-se dos demais

Manter a alma ainda mais nua debaixo da chuva

Uma chuva de aplausos e sorrisos naturais

 

Encantamento

Um momento incomparável de descobertas.

E o que antes se encobria, já não se encobre mais

Reluz

Resplandece

Brilha

Excede

Leva-nos a amar

Além de tudo que conhecemos

Muito além

Além do olhar.

 

 

 


MESTRIA DO OLHAR

 

 

 

MESTRIA DO OLHAR

 

Era apenas um homem

Antes que seus olhos cruzassem os meus.

E seria bela parte de uma constelação

Se meu peito

Não se abrisse em desejo naquele momento.

 

Eram olhos lindos

Tristes, mas lindos!

Tinham um brilho

Que meus olhos

Nunca haviam visto antes

Em outros olhos.

 

E me atravessara

Como nada

Nunca havia feito comigo.

 

O amor me encontrara ali

Quando tudo parecia perdido.

 

Olhos de anjo me viam agora

Sabendo

Que a vida se transformara

E nada seria como antes.

 

Mestria do olhar

Como estrela cintilante,

Que apagando as luzes

Vela por todos os amantes!

 

 


MESTRIA DO OLHAR II

 

 

 

MESTRIA DO OLHAR II

 

Ouvi no vento

Quando o amor chamou

O vento do deserto

Dos castelos de areia

Do meu coração.

 

Como ave no deserto é o amor

Que de onde vem não se sabe.

Não se sabe seu destino

Se não segui-la até o infinito.

 

Infinitamente o amor nos toma

Nos doma

Eleva-nos e nos redime

Faz-nos mergulhar na morte

Em busca da água da vida

O amor nos inunda e nos consome.

 

Faz-nos voltar ao pó da criação

E nos sopra suavemente...

 

Dá-nos asas de anjo e brilho de estrela

Dá-nos a missão da busca

Em vez da bênção do encontro

Torna-nos enlouquecidos, raros e santos.

 

Em nome do amor

Constrói-se o tempo

Em seu nome, mudam as estações.

Em nome do amor, a eternidade,

A poesia e as ilusões.

Em seu nome, a verdade,

E as fantasias dos nossos corações.

 

Ouço no vento

O amor chamar

Vejo vindo no vento

Páginas a voar.

O vento desta noite te chama

Soprando uma história de amor

O vento toca teu corpo

O vento desta noite toca a tua alma

O vento te faz sonhar

O vento uiva poesia

Os ventos do amor exigem mestria

Mestria do olhar.


SINFONIA

 


 

 

SINFONIA

 

Eu proponho que dances comigo

Até que o seu coração se ilumine e dilacere.

Venha!

Dê os primeiros passos

Em direção à estranha e ousada mulher que te incomoda.

Venha!

Deixe seu corpo colar ao meu,

Envolva-me com mais temor que alegria.

Envolva-me e feche os olhos.

Dance lentamente e minha voz substituirá a música

Em retribuição a todo silêncio quebrado para me socorrer

Quando as sombras da solidão me rondavam.

Ouça nas minhas palavras o eco de suas próprias canções.

Canções que me embalaram a vida!

Deixe-me dizer o que elas não dizem.

Abraçá-lo agora como durante todo o tempo desejei fazer.

Porque mesmo inconsciente seus braços já me envolvem

Seu corpo está extasiado.

Posso sentir o suor frio no seu rosto.

Deixe-me tocá-lo

Tão lentamente quanto andei cada milha em sua direção.


Dê-me um pouco mais do ritmo do seu corpo

Não se preocupe, treinei durante anos para não errar o passo.

É uma dança irônica, eu sei!

Em que meu corpo magro domina sua fortaleza.

Isso até soaria como um bom refrão!

 

São muitos os corpos que dançam aqui:

O garoto de treze anos dança ninando-me bebê

Acomodo-me perfeitamente em seus braços,

E o rapaz bonito grita para a garota perdida na multidão

Aqui está o homem maduro refletindo o eu tirou de mim.

Um belo casal dançando no centro da sala

Enquanto os filhos descem as escadas e brincam no jardim.

Você e eu, enfim!

 

Dois desconhecidos cujos corações acelerados se surpreendem

Com sua própria história.

Dancemos em silencio porque nem tudo poderá ser dito aqui.

Dancemos a dança do amor

Que libertará das vestes nossos corpos já em perfeito sincronismo.

Assim sonhamos e provamos

O que nem o riso, nem as lágrimas ousaram definir.


Dancemos a dança louca dos que perderam o rumo,

Dos que pularam no abismo,

Dos que se embriagaram

Dos que ousaram compor a sinfonia sem número

Que só se ouve uma única vez.

 

 

 


MEDOS

 

 

 

MEDOS

 

Eu tenho medo do teatro obrigatório

Da arte regular

Uniforme.

Do ofício que não bebe sangue

Nem esmaga a alma.

Eu tenho medo do palco sem estrelas

Das almas sem luz

Das máscaras sem olhos

Dos corações sem sonhos.

Eu tenho medo

Do pouso da gaivota

Do silêncio da poesia

Dos livros fechados

Do diploma da parede.

Eu tenho medo do mar no cartaz de verão

Da sua calma e do seu silêncio.

Porque nasci entre raios

Embalei-me em vendavais

Meu coração é de rochas e marés

E tenho asas.

Tenho olhos que se perdem no horizonte

E desejos que não se pode traduzir em palavras.

 

 

 

A explosão do princípio

Era melodia e arte

Era o sonho de Deus

Era você

Era eu.

Éramos todos nós

Já criados no céu e para o céu...

Então  encenamos a vida em drama

Esculpimos os amor na lama

Adão e Eva

O Édem, do inferno ao sétimo céu.

E quando perdemos o juízo

Caímos do paraíso

Palco escuro

Purgatório!

Eu tenho medo

Da ignorância

E do teatro obrigatório.

 

domingo, 28 de novembro de 2021

RELICÁRIO

 RELICÁRIO


A paz brilhava na tarde

Quando o sol tocava o mar

E o amor viria das estrelas

Numa noite de luar.


Como o encanto das sereias

Como pérolas a se formar

Do pequeno grão de areia

Na ostra a se abrigar


Mistérios de amor profundo

Faz-nor rir para não chorar


Sangue e fogo na Aldeia

Quando o navio chegou

Almas em ascensão involuntária

Impacto, medo e dor

Chuva pra lavar a alma

Choro, trovão, temor.


Eu fugindo em direção às pedras

Precipício, mar profundo...

Ainda mais profundo

Mais pro fundo meu corpo levou

Sem sereias nem tesouros

E ainda sem amor


Covardia da maré

Devolver-me à escuridão

Sem nem um delírio sequer

Para iluminar meu coração


Coração bateu reacendendo as veias

Aquecendo meu corpo na areia

E era ouro a escorrer nos seus cabelos

O mar a repousar nos seus olhos

Que vieram pra voltar

Antes de o vento rugir

De o navio afundar


Pirata

Navegara os sete mares 

Em busca de aventura

E eu pedindo aos quatro ventos

O amor das sete luas.


O amor eterno da minha vida vazia

A lembrança plantada

A semente vadia

Sua joia, meu tesouro,

Seu prazer, minha alegria; 

Seu corpo, o meu mapa,

Seus lábios, minha fantasia;


De um amor que é eterno

Antes que nasça a luz do dia

Sem palavras, nossos lábios

Um RELICÁRIO

Minha fantasia!

 



sexta-feira, 3 de setembro de 2021

II SARAU VIRTUAL MANDE NOTÍCIAS - UFOB

 







Momento gracioso quando a tela do computador nos proporciona um encontro com a poesia.
Sem sair da cadeira você visita o mundo, e fala, ouve, se emociona e se encanta.
Assim é para mim, autora, o Sarau Virtual da UFOB.
Estive no primeiro, amei, voltei.
Como é gratificante ver um trabalho circular e ser acolhido, abraçado, valorizado... 
A equipe do Professor Uillian Trindade é sinônimo de competência e seriedade. Quero sempre fazer parte desse time! Como poeta, sinto-me honrada e agradecida! 
Imenso orgulho de estar presente aqui.
POESIA PARA PERSISTIR NA EXISTÊNCIA



Segue o link desse maravilhoso catálogo.

Boa Leitura!


https://issuu.com/uilliantrindade/docs/cat_logo_ii_sarau_virtual
https://issuu.com/uilliantrindade/docs/cat_logo_ii_sarau_virtual




domingo, 11 de abril de 2021

Quando eu crescer... eu vou ou não ser



                                            Quando eu crescer, eu vou ou não ser

 

Não vou ser lavadeira

Porque não teremos mais rios

Nem pedras pra bater as roupas

E tampouco grama verde para estendê-las

 

Não vou ser tropeiro

Porque o tempo será curto para a rota traçada

Os automóveis chegarão

Com velocidade e cargas pesadas.

 

Não serei engraxate

Nem sapateiro

Porque os sapatos serão facilmente trocados

Baratos e comuns para o mundo inteiro!

 

Queria ser benzedeira,

Saber fazer remédio e oração

Mas quando cheguei para o mundo

A parteira que me trouxe logo se foi e não deu explicação

 

Certamente se foram com ela

A lavadeira, o tropeiro, o engraxate, o sapateiro

O mascate, a fiandeira e o leiteiro

 

E quanto mais eu cresço

Menos chance eu tenho de ser o que eu anseio

O eletrônico que desmonta o rádio

A telefonista que fala com o mundo inteiro

 

E no sonho da cidade grande

Seria ascensorista no elevador

Seria caixa no supermercado

Mas esse sonho também não vingou.

 

Os novos sonhos não me fascinam

Fascinante seria ainda ser doutor

Mas o doutor hoje trata dos softwares

Onde o homem perde para o computador

 

E os sonhos antigos para onde vão?

Perguntarei o meu amado professor

Aposentado, solitário

Aguardando a ordem do seu cuidador

Contando ao seu Walker talker

Lembranças  de um mundo de amor!

 

 


 

quinta-feira, 25 de março de 2021

Sarau Virtual Mande Notícias

 


                                    Uma experiência linda na minha vida! Espero que se repita.


Sarau virtual Mande Notícias  

O Sarau Virtual Mande Notícias nasceu como um projeto de extensão para, com poesia e trabalhos visuais, estreitar os laços afetivos entre os membros da comunidade acadêmica da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). Essa ação fez-se necessária em um momento em que, em função da pandemia de Covid-19, precisamos nos reinventar com o isolamento social. Se a pandemia não possui fronteiras, a arte e a poesia também não. Assim, cumprindo seu propósito desde o seu embrião, avançou para além dos muros da UFOB, alcançando outras cidades, outros estados e até outros países. Recebemos “notícias” do interior da Bahia e de estados como Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de janeiro, São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Goiás, Alagoas. Ultrapassando os limites desse imenso Brasil, outras chegaram até nós a partir do Paraguai, Portugal e Estados Unidos. Em 5 de junho de 2020, às 19h, em uma noite de lua cheia, via Google Meet, encontraram-se pessoas que há muito tempo não se viam, bem como aquelas que estavam se conhecendo 


 

Para começar: Um abraço

 

Hoje faz mais falta que antes

Pelo distanciamento

E pela chegada do inverno

Espera-se que ao voltar

Volte mais forte

Mais quente

Mais terno

Que enlace e cure nossos corações

Encha-nos de boas vibrações

Envolva-nos como um colo materno.

A saudade é crescente

De todo e qualquer movimento

E o calendário diz

Que é hora de olhar para dentro.

Rever conceitos e atitudes

Valorizar a vida e a saúde

Que nos dará tempo para a reinvenção

Reflorestando de amor

Os campos do coração.

E seguir a linha semeando poesia

De boas notícias e esperança.

Vai passar

Passarão esse tempo e seus fatos

Vamos reescrever

Pintar de nós mesmos o melhor retrato!

Que Deus se encante como no princípio

Recomeçar é o grande ato!





https://issuu.com/uilliantrindade/docs/catlogo_sarau_virtual_mande_notcias?fbclid=IwAR1LeQNawItb4o0lNCYjaisBg5S2dlwi7-aHVWr4tXoyNXtGvehjxZARmeU




quarta-feira, 24 de março de 2021

FRENTE E VERSO

 



FRENTE E VERSO


Siga em frente 

Por mais um verso

Porque a poesia não pode morrer

Antes de escurecer o universo 

E perder-se toda a obra 

Frente e verso.


Tudo se refaz, se renova... revive.

Deus está em nós 

Com o sopro de criação 

E não há fim

Não! 


Mutações para a evolução 

Dores fortes

Até parece a morte

Mas não é isso, não! 


Há um poema de amor e luz

Escrito por Deus 

Em nossos corações 

Há uma canção, uma voz

Que fala baixinho

Enquanto mudam as estações 

E passam os dias

Com os adjetivos que a eles atribuímos 

Em frente 

Em verso

Seguimos.


Porque amanhecer é divino demais pra ser descrito

Seguir é  mais que um ato bonito

 Acreditar no amor de Deus 

Infinito

Que nos move e ilumina

Nos inspira e nos sustenta

E a cada novo dia 

A gente tenta

Fé ,amor, oração e poesia

Em frente

Em verso

Enquanto esperamos

Esperançamos

A chegada da alegria!

segunda-feira, 1 de março de 2021




MULHER


Tem certos dias em que o coração feminino sofre mais

Dias difíceis, sem glória e sem paz,

E nesses exatos dias é que a mulher se refaz

Quando desmancha o cabelo cobrindo o rosto

Escondendo o choro

E na mesa se debruça, baixa a cabeça,

Mergulha.

 

A mulher no espelho vê a amargura

Abre a janela da casa, da alma,

E ouve o vento dizer que amar cura

Amor próprio. Loucura!

 

Ame-se!

Ame-se a todo instante

Amor próprio

Com propriedade o bastante

Para se erguer e seguir adiante

 

Ame-se!

Ame-se a todo instante

Ame-se mais e mais

Com intensidade o bastante

Para não voltar atrás

 

Ame-se!

Embeleze-se e sorria.

Invista em você a cada dia.

Se vista de belas roupas e de esperança

Pinte os cabelos, as unhas, os lábios,

Pinte os olhos com um brilho especial

Trabalhe, cante, dance e viva!

Cultive a fé, as flores e o que te faz melhor.

 

Quando o coração doer, estude!

Quando se sentir sozinha, dance e estude.

Estude e faça um prato especial pra você

Estude e compre um presente que você sempre quis

Estude e escolha sua maneira de viver

Estude e construa sua rotina

Estude e substitua as fotos do seu porta-retratos

Estude e reavalie seus conceitos.

Estude e viaje.

Não chore!

Descubra-se!

Levante-se!

Vá onde deseja ir

Seja quem quiser ser

Seja feliz

Seja você!


Hyeda de Miranda Campos - 01-03-2021

 



 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

 




EDITAL

(ETC E TAL)
Mais um por do sol
Na gratidão azul e branca do céu
No silêncio patético
No seguir em frente
Que é parar
E quem fica, tem sorte!
Livra-se assim da morte...
O poeta está de malas prontas
Sem ter para onde ir.
Não há escolas, ruas, nem bolas...
Não há crianças, bicicletas...
Almas amedrontadas e inquietas
Aprisionada a alma do poeta
Assombrada
Escurecida
Já que é a arte sua única fonte de vida!
Tudo é tecnologia
Novidade ou nostalgia...
Assim na nuvem, vem uma estrela cadente.
O som de um violão
Uma poesia evidente
Abre a boca o anjo cacheado
Fecha a garrafa com o poema isolado
Canta
Seu canto forte
Sul ou norte
Bem aqui
Lugar distante, lugar nenhum.
Poeta errante
Caminhante
Entre uma e outra nuvem
Sol, chuva, temporal...
A mala, a porta, o riso...
O trem que passa vazio, descarrila
Nos deixa e nos poupa
E para quem fica
Toda poesia é pouca!
Livros, garrafas, divãs e videoclipes.
Bebamos poesia
Noite e dia
Por um amor que não existe
Por um coração alado
Feliz e triste
Por um verso que persiste.