segunda-feira, 24 de julho de 2017

COLHEITA

COLHEITA
Chegada a hora
Por mais lindos que sejam os frutos
Colhe-se a árvore
E com ela as raízes mais profundas da dor.

Essa parte que parte é quase um todo
É o amor

É o tempo, a infância, o saber
Essa parte é o orgulho, a alegria, o bem viver
E que bom tê-lo vivido!
Que bom viver o amor!

Porque se revira brutalmente a terra
E fere profundamente as raízes
E vem o sangue e as lágrimas
Dores que antecedem as cicatrizes.

Como dói a colheita no fundo da alma
No peito apertado
No nó na garganta
No abraço molhado

Dói ainda
O canto de reza e os rituais
Que como o amor
Não se apagarão jamais

Dói o vento, o sol, as flores,
O tic-tac do relógio, a vela,
O sino da igreja
O sal dos olhos
Como dói!

E o AMOR MAIOR não requer entendimento
E a despedida não cabe questões.
Olhar pra cima às vezes nos mostra
Diferentes caminhos e direções
E o que vem depois da colheita
Outro terreno, outro plano ou dimensão
E somos tão pequenos
Órfãos

Irmãos!