domingo, 21 de junho de 2015

Recomeçar



É sonhar mais alto

E trabalhar intensamente


É fazer melhor

E buscar incansavelmente


É preparar-se

Consequentemente


Para vencer.

Por não tecer redes



Eu era uma criança apenas
Tecendo tapetes
Como as mulheres de Atenas
Teci o maior deles
Somente um consegui tecer.

Como Viúva
Teci a teia
Esperei a presa
Sonhei o prazer.

Tornei-me bicho noturno
Seduzida pelas luas de néon dançantes
E o balé das ideias estreladas
Nos olhos dos guerreiros pensantes.

Meu amigo, guerreiro desarmado, caminha
Pela areia onde meus castelos estão
O céu e o mar estão em seus olhos
Ao vento está seu coração.

Então eu sou farol
No mar de confusão
Bicho noturno transmitindo luz
Recheado de escuridão.

Posso dançar com seus sentidos
Brincar com suas ilusões
Desafiar sua libido
Quebrar seus grilhões.

Posso vir no vento
Envolver-te e te encantar
Posso prender sua atenção
Posso roubar o seu olhar.

Escolho estar sempre contigo
Como um farol no mar
Ser seu ombro amigo
E ao seu próprio coração
Te guiar.

Depois eu fujo, bicho noturno
E com as luas de néon vou dançar
As estrelas?
Essas vou lançar ao mar
E por não tecer redes
Não sei quem as irá pescar.

Acreditando nos barcos
Vou surfar marés de fantasia
Vou me trancar em meu quarto
E sentada em meu tapete
Escrever poesia.


De HYEDA DE MIRANDA CAMPOS
Para KLAUSS ZAGNOLI

Rio Vermelho, 18 de dezembro de 2006.

Cálice



De cristal puro
É o cálice das almas
E o líquido nele contido
Transborda em diversidade
Cores e sabores próprios.

Quanto mais se foge do padrão
Aproxima-se da perfeição
Ebriedade de ser o que se é

Loucos,
Somos quase todos!
Gênios,
Tão poucos!

Camuflados, sufocados.
Ignorantes!
Ignorados.

E a perfeição cabe no cálice
Sem cor e sem sabor

Atalhos jamais serão caminhos
Andam facilmente confundidos
Debaixo do céu

Labirintos e normas
Normalidades, enfim
Dos sonhos, o fim.
Nenhuma marca de batom vermelho
Nas bordas da realidade
Que é assim...

Insípida demais

Para quem tem sede de vida.


Tempo


Outra vez partir
Devolver as chaves
Que não servem mais
As novas portas
Abertas pelo tempo.

Fechando-se em suas costas
Para você seguir,
As mesmas que um dia
Você teve que abrir.

Na mala depositados
Pedaço por pedaço do complexo «eu»
Para calçar os pés nos próximos passos
Embelezar e aquecer o corpo
Corrigir e disfarçar expressões do rosto
E um pequeno espelho
Para refletir de volta aos seus olhos
Sinais de que tudo está bem.

Na agenda registradas vão
As pessoas que você está deixando
E muitas páginas em branco
Esperando o registro

Dos dias que virão.