quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Semente (regada a passado e presente)

 




 

 

SEMENTE

(Regada a passado e presente)

 

Ainda não se foi um século

Desde a sua emancipação

Mas suas raízes crescentes

Seu curso infinito

Impulsionam meu coração!

 

Rio Vermelho é rio e é terra

Hoje é amor, ontem foi guerra.

É orgulho, foi espera!

No seu hino palavras de ordem

De um bem querer para uma nova era!

 

Quero-te Rio Vermelho

LIVRE

Como na infância singular

Das fotografias em preto e branco

Da praça, dos bancos,

Das ruas vermelhas pra correr e brincar!

 

Quero-te Rio Vermelho

EXCELSO

Desbravando fronteiras

Dando asas aos seus filhos

Que lá de fora te olham

E amam, e voltam.

Voltam trazendo alegria!

 

Quero-te Rio Vermelho

FELIZ

Porque choramos na partida

Mas a estrada ainda é a mesma

Independente do caminho da vida.

 

Quero-te Rio Vermelho

GLORIOSO

Cheio de vida, de flores, de luzes.

De braços abertos a receber seus filhos

A acolher quem volta

A abençoar quem fica!

 

Há em cada um de nós

Um Rio Vermelho de encher o coração

Com banda de música, barraquinhas e procissão.

O repique do sino

O cheiro do almoço

O calor do abraço e o aperto de mão.

 

Parabéns Rio Vermelho

Porque grande é o seu povo

Felizes são seus filhos

E a todos que te amam

Bebendo de suas águas ou não...

Abençoada seja a porta sempre aberta

Nossa terra, nosso chão.

Nosso amor, nosso rincão.

 

Parabéns Rio Vermelho

Da minha poesia a inspiração

Do meu sangue o curso, a veia.

Dos meus pés o torrão!

Do futuro minha semente

Regada a passado e presente

Eternamente em meu coração!

 

Hyeda de Miranda Campos

Rio Vermelho, 18/01/2022

 

Assista

https://youtu.be/eorM3d9F1mw 

 


domingo, 16 de janeiro de 2022

Modificados

 

MODIFICADOS

 

Os novos tempos alteraram nossos caminhos

Mas a caminhada segue!

Não estamos sós!

Embora a solidão aconteça, temos mais armas para combatê-la

As redes sociais nos permitem contatos

Contatos nos alegram

Alegres, vivemos melhor!

Aprendemos a dar e receber notícias

A importar com a rotina das pessoas queridas

A compartilhar mais de nós!

Ouvimos as canções com o coração aberto

Elas trazem saudades, lembranças...

Mas também nos enchem de esperança!

Estamos mais abertos a aprender

Reaprender a viver

Essa é a tarefa para mais um ano!

Um ano que será marcado pela gratidão

Pela simplicidade

Pela renovação

Um tempo precioso

Em que a humanidade é convidada ao novo

Que parece o fim

Mas é um começo, um recomeço.

Modificado!

sábado, 15 de janeiro de 2022

Família

 

 

 

 

A GUIAR

 

 

É do chapéu do avô

Que me saem memórias

Dos passos da avó

Que me compõe a história

Descem pela testa

Porque o suor construiu o que somos

Escorre pelos olhos

Hoje enrugados

Mas passam pelos lábios

Onde se esboça um sorriso

De canto de boca e gratidão

E desce o choro

Pelo pescoço

Pela medalhinha santa

Até o coração

No coração está a poesia

Envolta na poeira da estrada

No cheiro da cozinha

E nos mistérios de uma casa.

 

A casa da fazenda.

Era possível vê-la desde a ponte

A linda ponte de madeira

Que parecia a maior do mundo

Alta e perigosa

Porque éramos pequenos e inocentes!

A ponte de tábuas

Por onde passava o jeep

Por onde passava o rio...

E a areia branca?

Era verdade!

Era produto de limpeza

E usada para encher os vasos

Que em vez de flores

Tinham penas de pavão.


Infeliz

Quem nunca se sentou

Em uma das quatro cadeiras estranhas da mesa de centro

Onde tinha um calendário giratório

Quando ninguém sabia o que era o passar dos dias.

Da janela, as cercas da horta cobertas de bucha,

Melão de São Caetano e outras folhas.

Ninguém queria saber se produzia ou não

Mas a água corrente que se pegava na cuia era bom sinal

 

Sinal de que estávamos crescendo a cada ano

 

Quando uma nova horta foi feita

La embaixo

Percebemos a proximidade entre a casa e a ponte.

A ponte coberta pela enchente de dezembro

Quando estávamos todos lá!

Chegamos anos antes da energia elétrica!!!

Tivemos narizes pretos de lamparina

E corações assombrados pelas histórias de fantasmas!

Crescemos usando a casinha...

Que na noite escura de nada nos servia

Negando socorro aos nossos apertos.

Tomamos banho no chuveiro de lata

E conhecemos o sabão preto

Conhecemos o luxo do lampião a gás

Da radiola à pilha

Do balaio de sabugo

Do relógio de parede!

 

Mas a hora de dormir era marcada pelos adultos

E rigorosamente obedecida

Após o leite, o aterro, o disputado banquinho...

Eles jogavam truco, riam e contavam piadas...

Nós dormíamos!

Sono profundo nos colchões de palha

Os mais crescidos já sabiam alguns segredos

Roubavam os biscoitos da Tia Bininha no armário.

Ela que fazia nossas petecas

E era tão criança quanto nós!


O dia era de aventuras tantas

Os copos de alumínio no fogão

Cozinhando farinha para servirmos o leite

A Tia Lica descendo a escada de madeira

Levando bandejas para a coberta

Essa que víamos pelas frestas do assoalho,,,

O Louro que às vezes assobiava

Também tinha fama de perigoso

Fugíamos dele!

 

Ah! Se ele levasse no bico nossa saudade!

Se as penas da vida fossem ainda

Longas, majestosas e coloridas,

Como das aves que conhecemos

Ou desafiadoras da gravidade

Como as petecas da Tia Bininha...

 

Ah! Se a saudade fosse doce como rapadura

Como “Puxa” na cuia d’água

Como o tacho de laranja da terra...

A saudade não é doce

Nem de leite, nem de figo...

A saudade não se trata com homeopatia.

 

Todos nós temos uma saudade enorme

Que nos acompanha e cresce a cada dia.

Até à cadeira de balanço

Onde contaremos memórias

Semeando esperança e alegria.

Vamos regá-las com água da bica

Para que cresçam frondosas

Como o pé de jaca ou o de jatobá

Onde entre balanços e tombos

Aprendemos a voar

Que nosso coração transborde amor

E seja ele A  nos GUIAR!

 

DIA DO LEITOR

  Aconteceu em 07 de janeiro de 2022, no Espaço Cultural Mir@nde-se de Poesia Autoral a comemoração ao Dia do Leitor. Reunidos, autores, leitores e colaboradores culturais da cidade de Rio Vermelho- MG.

A autora Hyeda de Miranda Campos apresentou o resultado do Sarau Virtual Mande Notícias  edições 2020 e 2021 onde mandou notícias de Rio Vermelho -MG.

Sinceros agradecimentos a todos os leitores! 2022 é a vez da poesia nos palcos. Todos convidados!


Link do evento:


https://youtu.be/OrMC2sEL5gs 


https://youtu.be/OrMC2sEL5gs 


O QUE O CORAÇÃO ESCREVE (5)

 CARNE


Quantos morreram tentando

Descobrir a fórmula

A cura

O emplasto?

Quantos morreram solitários 

Em seus laboratórios 

Seus ateliês 

Suas bibliotecas???

Porque a escrivaninha 

É também leito de morte

Se o poeta não voa 

E  é a arte a cicuta diária 

Em doses de menosprezo 

Se o teto da Capela rui .

Ah! A cicuta, o cálculo, a botânica 

E a anatomia...

Que efeito tem na rota da terra

A famigerada poesia???

E os poetas com seus lutos e sonhos

Amores suicidas

E sombrios corações...

Como podem ser luz

Centelhas da grande explosão? 

O silêncio 

A dissonância 

Os fios da bomba 

O ponto de fuga

A morte em solidão 

O caos, a sombra, a treva

Tormentas e emoções.

Poetas morrem aos poucos

Por dores e desilusões.


(Hyeda Miranda - 11/01/2022)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

O QUE O CORAÇÃO ESCREVE (4)

 DESMAIO


São muitos os monstros

Os incêndios 

Os precipícios

E as marés 


A encruzilhada 

O cruzamento 

O encontro

A escolha...

Mas pior mesmo

É a espera.


O silêncio me desespera!


Não temos tempo

Não teremos...

Não seremos felizes 

Se a paciência não nos invadir.


Venha ela como um encanto

Como um efeito

Do chá bem feito 

Na bandeja de café da manhã 


Venha a paciência 

Sobre a louça quebrada

A vidraça suja

E a solidão no espelho do banheiro.


Venha a paciência 

Desmaiar sobre a escolha.

Porque foi pela ausência dela

Que a realidade se impôs. 

Nos pôs a esperar 

Paciente... mente...

Mente... Mente...


(Hyeda Miranda, 10.01.2022) 15:08

O QUE O CORAÇÃO ESCREVE (3)

 


PAIXÃO


Sua chegada apaga a espera

Seu sorriso anula meu choro

O brilho dos seus olhos pára o mundo

Seu corpo engole meu poema!


II

Sedenta

Cedo-me

No lençol de seda

BRANCO

Dois pontos verdes de luz!

domingo, 2 de janeiro de 2022

CHUVA

 Quem me dera que a chuva

Me lavasse a alma

Aliviasse meu desejo

E me ensinasse ser de passagem.

Porque ser intensa dói!

Queria ser como a chuva

Se não soubesse meu próprio ciclo

Me concentrar , condensar e cair...

Depois a escuridão e o centro da terra...

E onde fica a poesia? 

Fica em um corpo

Molhado pela chuva.

E ao que chamamos vida

É a evaporação

A paixão 

Que somente o coração pode sentir.

Dói saber o quanto é breve!

Mas a intensidade 

É o que mantém o ciclo.

E a seca pode ser ainda mais intensa!

o que o coração escreve (1)

 INFERNO EMOCIONAL


Meu coração é tolo

Como meu riso

Que não faz acepção de pessoas

Sorrio para o mundo

E para o mundo abro o meu coração 

O passar dos anos não me curou o romantismo

Ainda sonho

Sonho abraços e sorrisos

Ainda com as cicatrizes da realidade

Meu coração busca companhia

Para um sonho a dois

Dormir e acordar em um abraço

Hoje eu sei que se mudaram os braços

Mas a busca permanece.