terça-feira, 30 de outubro de 2012

Zé Maurício


São Paulo, dezembro de 1998.
Zé Maurício
        É morrendo de saudade que te escrevo agora.
        A história de que homem não chora, é apenas mais uma mentira cultivada na roça.
        Choro de saudade quando volto do trabalho. Quando olho tantos barracos e não conheço ninguém. Não tem prosa pra esperar a noite, não tem venda pra sentar na porta e ouvir moda de viola.
        O trabalho é duro, Zé. O ônibus vai sempre cheio de gente que reclama. E abre suas portas em frente à fabrica despejando gente que trabalha.
        Enquanto aí se mistura gente e bicho, aqui se confunde gente e máquina. Máquina que passa direto por outra máquina, e até passa por cima quando é preciso.
        A vida é dura, Zé!
        Mas a gente luta, a gente sonha e a gente pensa. Também a gente tem saudade e chora. Como agora.

Ass: José Francisco Coutinho

Camila




CAMILA E O EPITÁFIO DA ARTE
(O resgate da cultura riovermelhense)

- Oh! Misericórdia! Meus olhos não querem ver o terrível quadro da atualidade. Não!!! Prefiro a morte a essa visão!
Bradou dramaticamente a velhinha que ocupava a primeira cadeira daquele salão, ao ver entrar o pelotão uniformizado sustentando o hino dos desbravadores, dos heróis... Um hino fúnebre para seus ouvidos.
- O que houve minha senhora?
Perguntou polidamente a jovem da cadeira ao lado, levantando-se pronta a socorrê-la.
-Por favor, acalme-se e fale comigo. Mas fale baixo, porque o espetáculo não deve ser interrompido. Diga-me: a senhora está melhor?
- Melhor, eu? Minha jovem, quanta tolice lhe foi imputada com sua educação para crer que eu poderia estar melhor diante de um quadro tão triste?
- Triste, minha senhora? Contesto sua posição. Mas vou explicá-la o que está sendo apresentado aqui.
Esta é uma data festiva e estamos diante do resultado de um árduo trabalho realizado durante o ano inteiro pelo resgate da nossa cultura.
- Resgate? Então não podes ver que este é o primeiro sinal de derrota? Se trabalham agora pelo resgate é porque, em algum momento, deixaram que ela se perdesse. Você não vê isso?
- Isso não vem ao caso! O que importa agora é o espetáculo do resgate. Isso é o que conta. Estamos aqui para assisti-lo, não?
- Não pensei que fosse tão terrível!
- Silêncio, por favor!
Pediu o alvo senhor engravatado da terceira cadeira.
- Quem vocês pensam que são para ofuscarem o brilho do meu espetáculo? Desde minha juventude não vejo nada assim: povo feliz, orgulhoso de sua terra, de sua cultura. No meu tempo, tudo era diferente!
- Assim como passou o seu tempo, passará também o espetáculo, e se o senhor não se calar, passará em branco.
Advertiu a fina moça, acomodando-se na cadeira com a atenção voltada para o palco.
-Oh!
Levantou-se a velhinha gritando. E como se fizesse parte do espetáculo, as luzes se apagaram.
Apenas gritos no escuro, num choro alto e triste. Até comovente!
Quando no centro do palco aparece Camila, com uma vela nas mãos, entoando seu discurso.
- Lágrimas!
Tenho uma taça cheia delas.
Brindem comigo agora,
Compartilhem o cálice do tempo e do descaso.
Embriaguem-se até que o riso tolo venha contornar-lhes os lábios.
Embriaguem-se, até que o efeito corroa seus cérebros e toda razão.
Brindemos à morte de uma musa, tão bela, tão promissora quanto à própria vida.
Brindemos!!!
Aos que deram o melhor de si quando eram jovens, para fazer deste um bom lugar.
Aos que trabalharam tanto pela alegria e pela simplicidade, mas foram envenenados pelo consumismo, pela lição social de levar vantagem em tudo.
Brindemos aos que, com suor, edificaram suas casas e suas famílias, e acabaram como personagens folclóricos regionais.
E o que, de mais glorioso, poderia ser dado a eles?
Eram apenas isso! Parte do folclore!
Poetas, músicos, atores, dançarinos, pintores, escultores, artesãos...
Não poderiam ser mais que isso.
Velemos por eles agora.
Como uma cruz,
Carregaram suas emoções;
Como coroa de espinhos,
Suas idéias;
Como lança a traspassá-los,
Tinham virtudes sem fim.
Aqui repousam,
Mortos pela ignorância,
Sem nenhuma salvação.
Atravessando o tempo
Alcançarão a esperada geração,
Gravadas nos lençóis de sua cama fria
Algumas palavras sobreviverão.
Não basta um simples palco,
É preciso arte,
E isso só tem nas veias.
É preciso vida;
Às vezes, a vida inteira.
Resumida em um epitáfio,
Um mero espetáculo
E nada mais.
Aos que brilharam na terra
Estrelas cintilam agora no céu
Deram suas vidas para ser como elas
Seus valores excedem aos cristais
Através do tempo, esteja registrado:
Os que semeiam sonhos
Tornam-se imortais!

(HYEDA DE MIRANDA CAMPOS)
















domingo, 28 de outubro de 2012

Reserva


RESERVA

            A segunda noite após a sua chegada viera ressuscitar seus medos diante daquele olhar que, sem direção, não tinha onde descansar.
            Seus olhos sempre foram um profundo mistério, de raro brilho e nenhuma beleza. Seu coração também não era simples de se descrever. Assim se abria o horizonte do seu mundo.
            No primeiro instante sentiu saudade do desconforto da última poltrona daquele ônibus noturno. Desconfortável para suas longas pernas, definitivamente massacrante para seu bumbum magrinho. Porém fascinante à sua sensibilidade.
            O casal já estava antes que ela chegasse e ali continuou depois que ela se foi.
            Louro. Foi sua primeira observação. Única possível numa visão tão rápida. Ao lado de uma mulher de cabelos negros. Completou o anúncio que prendera completamente sua atenção.
            Já estava cativa daquele quadro. Agora começaria a decifrá-lo centímetro por centímetro, até o fim. Fim que não se sabia onde estava.
            Por alguns minutos ela fazia palavras cruzadas e ele ouvia música. Muitas luzes estavam acesas até àquela hora. Foram-se apagando no decorrer da viagem, uma após a outra. Até que só a dele permaneceu.
            Adormecida agora ela recebia um carinho discreto e um beijo de boa noite. Dormia em paz como só dormem os que conhecem o amor.
            Ele desperto desafiava a lógica e pouco a pouco se transformava no centro de todas aquelas visões tão diferentes.
            O escuro da noite transformou numa imensa tela os vidros da janela que refletiam sua imagem.
            Algumas vezes ele se movia em bruscos movimentos com o pescoço de um lado para o outro, cansado da inércia imposta pela situação.
            Distraía-se lendo os encartes dos CDs que ouvia. Sua imagem linda ia sendo contemplada e traduzida da poltrona.
            Seus cabelos louros eram curtos, suas costeletas contornavam bem seu rosto másculo e bem traçado. Seu nariz exibia-se bem definido, também seus lábios que uma só vez mostraram aquele sorriso.
            Suas mãos eram brancas e lindas.
            Quando em um momento de relaxamento ele as cruzou por detrás da cabeça, tocando suavemente os cabelos. Depois as firmou contra a nuca para movimentar a coluna.
            Então vi que usava um colar colorido e que toda atenção dispensada até aquele momento era no intuito de ver ali outro alguém. Constatei ainda que vestia uma camisa de malha vermelha e que suas coxas grossas tinham tanta beleza quanto todo o resto.
            Assim ele apagou a luz dissolvendo minha tela em total escuridão.
            Meus olhos vagaram mais uma vez e meu coração entendeu que eu viajava buscando você.


 29-07-2002

Natural


NATURAL


Para limitar minha loucura
Foi-me imposto o tempo
Carrasco mortal
E ao tic-tac do seu marcador
Submetido meu ritmo cardíaco
Lírico e sobrenatural

Ah! Sobreviver!
Complexa disritmia
Dolorosa insanidade
Porque o sol e a lua estão afastados
E respiro, do eclipse, a raridade

Espero passiva pelo guardião noturno
Que me sopra
Como um castigo
O gás do sono
Estão contados os tics e os tacs
Até que passe o efeito deste abandono

E quando ele não vem
Sofro ainda,
Pois é a insônia castigo também
Dor tardia
Quando o carrasco estala em mim
Chibatadas sem fim

Por perder a hora marcada
A escravidão programada
O que exigem de mim

E a chibata diz:
- Incompetente!
- Infeliz!

Quisera eu dançar
Antes de morrer
A dança das horas
Sem errar
Entender
Por que vem no preciso minuto do silêncio
Minha vontade de gritar?

Aceitar
Que o amor me vem
Como muitas águas
Revoltas e turbulentas
E me arrebata
E me arrebenta
E me arremessa além!

E nessa hora eu odeio o tempo
Louco sentimento
Estúpido e terno
Que reduz a apenas um momento
O que deveria ser eterno.

30-06-2008   23h40min

Nada


NADA

Hoje não sei o que fazer
Porque nada que fiz me satisfez
Nada que fiz
Foi suficiente para me fazer feliz.
Nada!

Tenho na lembrança a alegria
Que hoje não vivo mais
Cumpro a eterna sentença
De ter deixado o amor para trás.

O amor
Que me embalou a vida
Soprou-me o fôlego desde o princípio
Deu-me asas
Deu-me o céu
E preferi o precipício!

Carrego a tristeza e a choro por todos os cantos
Ainda em silêncio
Não me deixam os desencantos.


E o que querem se nada me resta?
Se meu traje é luto
Que a solidão empresta
Que querem de mim os desencantos
Se meus olhos nus exibem seus prantos
E meus lábios mudos seus enganos repetem?

O que querem da alma desolada?
Darei, pois, o que tenho hoje
Porque o que tenho
É nada!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

quarta-feira, 24 de outubro de 2012


Passos


PASSOS

Caminho
Estradas e curvas
Passos sem direção

Quantas solas de viagens gastas
Pelas trilhas desse labirinto
Onde viver é o maior desejo

Onde sonhar é um atalho
Que as portas do acaso fecham

Onde acreditar é um passo
Que as pedras no chão impedem

Onde ajoelhar é uma parada
Fechar os olhos, uma escolha
E chegar, enfim,
Um milagre.

terça-feira, 9 de outubro de 2012


MESTRIA DO OLHAR II
Ouvi no vento
Quando o amor chamou
O vento do deserto
Dos castelos de areia
Do meu coração.

Como a ave no deserto é o amor
Que de onde vem não se sabe
Não se sabe seu destino
Se não segui-la até o infinito.

Infinitamente o amor nos toma
Nos doma.
Eleva-nos e nos redime
Faz-nos mergulhar na morte
Em busca da água da vida
O amor nos inunda e nos consome.

Faz-nos voltar ao pó da criação
E nos sopra suavemente...
Dá-nos asas de anjo e brilho de estrela
Dá-nos a missão da busca
Em vez da bênção do encontro
Torna-nos enlouquecidos, raros e santos.

Em nome do amor
Constrói-se o tempo
Em seu nome, mudam as estações
Em nome do amor, a eternidade,
A poesia e as ilusões.
Em seu nome, a verdade,
E as fantasias dos nossos corações.

Ouço no vento
O amor chamar
Vejo vindo no vento
Páginas a voar.
O vento desta noite te chama
Soprando uma história de amor
O vento toca teu corpo
O vento desta noite toca tua alma
O vento te faz sonhar
O vento uiva poesia
Os ventos do amor exigem Mestria
MESTRIA DO OLHAR


EM SUA DIREÇÃO

Pensei que seguiria em frente
Pensei que caminharia em sua direção
Até que te vi emergir da nuvem de poeira
Dos caminhos do meu coração.

E eu havia passado
O passado havia desaparecido
Meu grito havia se calado
Sonoras palavras de amor emudecido.

O futuro era vazio
Registrado em livros que não escrevemos
Sonhos que não sonhamos
E filhos que não tivemos.

Pobre coração
Que desistiu do amor e deixou de viver
Que insistiu na dor e viu escurecer
Escurecer a luz dos olhos sem direção.

Pobre coração que emana poemas falsos
Palavras sem nexo
Em suas batidas sem ritmo
Em sua agonia sem regresso.

Ondas de escuridão que se aproximam
Para tragar os restos do que eu nunca saberei
Dos fantasmas amados, dos amores alados
De caminhos por onde não andei.

segunda-feira, 26 de maio de 2008 - 14:34:09

Texto classificado no 2º Concurso Carioca de Poesia
Integrante da Coletânea dos 44 melhores Poemas de 2008
Apresentado na etapa final do concurso na ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS - RJ pela atriz Nayara Polyana, em 08 de dezembro de 2008.
Promoção da ABRACI
Associação Brasileira Sócio Cultural de Apoio À Cidadania

CORRENTES
Corrente de ar que toca meu rosto
Arrasta meu sorriso
Desfaz meu cabelo
E derrama meus olhos sobre tanta beleza.

Água,
Com sua correnteza a tocar meu corpo
A tocar a alma...
Árvores que dançam
Para acompanhar todo o encanto
Dessa paisagem verde amarelada
De sombra, luz e pedras imponentes
De vento que canta o hino de uma terra
De uma gente
Que como tantas águas...
... Segue a corrente.

HYEDA DE MIRANDA CAMPOS
Texto escrito para descrever e acompanhar imagem de uma das nossas paisagens típicas - Cachoeira -
25-06-2002








CONTRA O TEMPO

            O que és tu, rocha
            Quando o mar te toca?
            Cobre-te de espuma
            Que refresca e acaricia...

            O que és tu, rocha,
            Quando o vento
            Contorna tua silhueta disforme
            E repousa na tua inércia?

            O que és?

            O que antes fostes, nem te lembras...
            Talvez
            Intransponível rochedo
            Que na profundidade de tua solidez
            Acreditou cercar o mar
            E a ele impor limites?

            Quantos ventos te contornaram!
            Quanta espuma banhou teu corpo!
            Quantas histórias conhecestes,
            Da vadiagem do vento e das marés?

            O tempo vem perguntar:
           
            O que és?

            O que serás?

<UMA ROCHA
MUDA LENTAMENTE
NOS ABRAÇOS DO MAR>
Jair Barbosa
           


BUSCA

Cai a noite
E o vento traz o teu chamado
Atravessei mais um dia pra te encontrar aqui
Assim parado a me olhar

Meu radar não registra seus passos
Não sei o que você faz
Mas o amor diz que você vai chegar.

Você virá para mim
E contemplarei teus olhos
O brilho do teu sorriso
E a magia dos teus braços abertos.

O misterioso sabor que através do tempo
Eu desejo provar.

Contemplarei!
Completarei meus sonhos
Completarei minha busca...

24-05-2002








DEVOÇÃO

Tolice
Prever o futuro
Sinalizar o caminho
Tentar confiar no brilho do farol.

Quando anoitece
Rezo para te encontrar nos meus sonhos
Porque só você
É capaz de iluminar meus dias.

Você é meu caminho
E quando se vai
Não consigo segui-lo
Não me movo
E nada mais me impulsiona.


Perdida
Sem destino
Sem sinal
A vela da minha devoção
É o brilho dos seus olhos azuis
Que ainda olham
Em outa direção.



                                                                Textos integrantes do Projeto Prateleira Poética da ABRACI
Associação Brasileira Sócio Cultural de Apoio À Cidadania
Edição 2008

AMAZÔNIA



... Gritos de angústia e dor cruzavam a floresta acesa.

O vento uivava alimentando ainda mais as labaredas que se lançavam avante e acima tentando lamber a escuridão da noite e afagar o seio da terra.

Animais ardiam inocentes e seus espíritos agonizavam num clamor à Chico Mendes.

Chorai Amazônia!

Velai acesa a dor dos filhos seus!




HYEDA DE MIRANDA CAMPOS
20-02-2004

Camila


Q

uando muitos mil anos se passarem
levando os tons reais
de nossos cabelos e olhos viventes
seremos feitos de sabedoria
adornados por grandes asas
e recheados do mais puro amor.

Poeta das estações

Bem aventurado és tu
Poeta das estações
Que tua alma arrastas em tão doloroso inverno
Profundo e nada terno...

Eterno é continuar...

Bem aventurado és
Pela inocente poesia
Que sempre hás de semear
Com a primavera exibida
Neste teu tão verde olhar

Bem aventuradas suas lágrimas
Que no outono caem, sem tocar o chão
E na intimidade do teu ser se aninham
Transformando-se então
Em simples e aventureiras andorinhas
Em sonoros voos anunciando o verão!


AVE POESIA



... E a poesia criou asas no verso
            E voou entre nós!

Assim como em um impulso inato
As letras se uniram
No eterno fogo da paixão.

Assim como de uma origem inanimada
Nasceram as palavras
Transcrevendo a imaginação.

Assim, na inocência do poeta
No sangue das veias de um sonhador qualquer
Saiu rapidamente,
Como uma estrela cadente,
Traços esparsos desenhando um céu.

... E a poesia criou asas nos traços
            E voou entre nós!

E o voo da pequena ave
Conquistou espaço na nuvem branca!
Um voo sorridente no branco do céu
Cortando as linhas do horizonte
De um pedaço de papel.

A poesia bateu asas e subiu
Em busca da ampla visão
E o voo virou história
E as curvas chamaram-se páginas
Onde o sol não derretia
Nem os versos, nem os traços.
E a curiosidade fortalecia as asas

E a ave alçou voo
E encontrou o silêncio
Teve medo de cair
E quis saber o porquê.

Era apenas o comodismo
De uma mente automática
Que assimilava informações
Em vez de ter ideias
E acatava ordens
Em vez de questionar e tomar decisões.

O comodismo era o incandescente sol
Do céu de Ícaro
Derretia as asas da imaginação
E descoloria as flores do jardim.

A automação de um cérebro estacionado
Era o naufrágio do barco do velhinho de Hemingway
Era pane no motor do Fokker de Richard Bach...

E por que não dizer
Que o silencio irracional e inexpressivo
De uma mente estacionada
Seria o fracasso do Emplasto Brás Cubas
E a morte sórdida da borboleta preta
De Machado de Assis

O silêncio
Faz derreter as asas da nossa imaginação
O silêncio descolore as folhas
Onde guardamos nosso retrato interior.

E a ave, curvando-se no voo,
Mudou de página e sentiu o céu.

Numa nuvem de ondas cerebrais
E pulsação cardíaca.
Estava a poesia flutuando de encontro ao papel
De encontro à vida e a eternização da expressão.

Porque o céu é um livro aberto
Um horizonte com muitas linhas
Enfeitado pelo voo infinito de uma ideia

Porque o céu é um livro aberto
Um horizonte de entrelinhas
Desvendado pela expressão de uma ideia infinita

Porque as asas da poesia não se desfazem,
Ela corta céu e mar.
Voa no sonho, na dança, no grito,
No azul infinito
E no desejo de amar.

A poesia é chão, onda,
Anjos rabiscando o céu
A poesia é canto, conto, choro.
Sangue nas veias de um pedaço de papel.

Ave feita para morrer em pleno voo
E amar até a altura do céu!