quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Ao meu encontro

Ao meu encontro

Há uma clara mensagem
Avisando que alguém virá
Para matar a saudade, sorrir e abraçar
Discretamente pergunta
Onde mesmo você está?
Se disser “em casa” não basta!
Pois não se sabe ao certo
Onde fica este lugar
Quanto mais se explica
Mais é preciso explicar.
É algo além do endereço
Da beleza e do preço
E das tantas vezes que você pode se mudar.
Casa é canto e aconchego
Barulho e sossego
Tudo que se reúne enfim
Casa é onde estou agora
Aonde eu chego e vou embora
Onde me encontro ardendo

De saudade de mim.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

IN formação

 IN formação

João não brincou de roda
Na roda da vida foi grande a perda
Não jogou os jogos da infância
Perdeu a dança
A recompensa
A sentença.

O ser informado
Ainda em formação
Disforme
Uniforme
Que se forme um homem
Que se quebre a fôrma
Que se crie a forma
Que se reforme
Que se crie um homem
Que renasça e ame
Que cresça e reclame
Que tenha voz
Que rogue por nós!

Para que na ciranda não se perca
O pouco de vida que ainda resta
Depois do vinho e da veia
Acreditai ainda na festa.

Depois de tudo o que sonhamos
Quando pequenos, deixamos
Quando adultos, abominamos
Quando sofridos, clamamos
Depois de ido o tempo de viver...
O que ser?
 Ignoramos.

O giro da alma sem calma, sem cama
O castelo encantado, o fado, a lama
A dimensão do erro, o berro, a chama!

Quando o maior dos medos era o bicho papão
E todo o realismo era a própria ilusão
Quando a roda ainda era viva
E a vida era uma canção
Saber cantar, brincar de roda,
Onde uma mão encontrava outra mão.


Lá vai Maria, procurar João
Esconderijos de infância, tolos e previsíveis
Como atitudes adultas, justificáveis ou incabíveis

Se esconder para ser encontrado
Contar um, dois, três... Até um milhão!
Até um dia
Até, João!

Um dia brincar, outro não!



quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Paralelepípedos

PARALELEPÍPEDOS

Leve-me para casa
Para que lá eu faça as coisas tolas
E depois destas
Sem descanso
Farei as grandes.

(Feliz por um novo no trabalho).
19-10 17:42

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Poema Ideal

POEMA IDEAL

Quero um poema diário
Que deixe a cama pronta
O café servido
As louças limpas
E a toalha na saída do box
Depois do banho na temperatura e no tempo ideal
Quero um poema de cabelo escovado
Unhas prontas
Contas pagas
E um suave perfume vitorioso
Quero um poema sorridente
Com sorriso de dentes brancos e certos
Com beleza superior ao cartão do dentista.
Quero o poema ideal!
Hei-de escrevê-lo com a caligrafia perfeita
Em papel nobre de tom suave
E publicá-lo na página inicial dos meus sonhos.
Vou emoldurar o poema ideal e adormecer ao lado dele.

II
Vou acordar poeta de novo
Com direito a um dia de cada vez
De cama desfeita
Café sem doce
Toalha suja
Banho frio
Cabelos despenteados
Unhas sem cor
Boletos vencidos
E cheiro de quem vai à luta todos os dias
Este poema será capaz de me fazer rir de mim mesma
Com uma força superior e um novo ponto de vista.
Serei um poeta banal!
Com digitação imperfeita
Usando uma rede social
Rasgando em pedaços outros pedaços de sonhos.
Sem moldura, questionando o ideal
Acordada apenas comigo ao meu lado.


sexta-feira, 10 de outubro de 2014

UM DIA

Amanheceu
Fechadas as portas do mundo dos sonhos
nenhuma chave
nenhuma senha
nenhuma palavra mágica
Você tem um coração sombrio
um amor suicida
uma ignorância crescente
Sabe no entanto que ninguém te salvará
senão vc mesmo
e despida de sonhos você não tem nenhum poder
Descrente e fria você sobrevive mais um dia
No íntimo querendo que fosse o último
mas o elo que te prende não pode ser desfeito
Chama-se realidade
Fruto de tudo que um dia foi feito.