NORTE –SUL
(Ventania)
Então era a
gaveta
O ponto
final dos sonhos
Onde todos
os poemas morriam
Onde as
tintas perdiam as cores
E as canções
não achavam saídas.
O coração na
gaveta
O luto
estendido ao céu
Algemas na
alma
Caneta e
papel
Cinzas na
arte, cinzel...
Que seja
preciso esculpir com sangue
Injetar na
tela o fôlego de vida
Extrair da
pedra a pétala
Do gelo a
semente
Do veneno o
antídoto
E na
escuridão encontrar a chave.
Todos os
caminhos margeiam a morte
A onda morre
na praia
O vento
segue para o norte
Escrever na
areia é utopia
Devaneio a
tal linha do horizonte
Enterradas
com os livros
As
entrelinhas da sorte.
A noite a
lua
No escuro a
poesia
A areia
limitando a onda
Que calma
retorna à melancolia
Sereia sem
canto, concha vazia
O fim da
lenda...
Ventania!!!
Elevou-se às
alturas a maré
Com destroços
da moldura
Do limite
Da gaveta
Da linha do
medo
Do segredo
Da areia
fora da ampulheta.
Na ventania
Asas além da
pintura
Notas em uma
nova partitura
Arco íris na
paleta
Artistas
livres em euforia
Fizeram a
obra dos sonhos
Em cores,
canções e letras.