segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Ainda

AINDA

Quero partir
Sem fazer as malas
Partir de alma
E pés descalços no chão
Onde já não há raízes

Perdi
Perdi meu tempo
Perdi o rumo
Mas os sonhos
Esses não se foram

Canções os ressuscitam sempre
Mesmo quando o corpo já não dança
E dançar foi o maior dos sonhos
Dos pés descalços no chão
Passos e cicatrizes

E no espelho quebrado
Os personagens mais belos
Lágrimas e rugas
Para a menina da foto
De muito tempo atrás

Para as páginas em branco
Um atestado insano
De quem não quer o mesmo
Nem o eterno, nem o novo

De quem desdenha o próprio poema
Sem vinho, sem pão, sem povo
Poeta sem amor nem tema
Rogai por si mesmo de novo!

Parti sem mala, sem chão
Chorai poema, sonhai canção
Talvez sua alma bailarina
Alcance a imensidão
Antes disso, viva ainda
Para treinar a travessia
Porque a vida acaba

E ainda fica a poesia.

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