AINDA
Quero partir
Sem fazer as
malas
Partir de
alma
E pés
descalços no chão
Onde já não
há raízes
Perdi
Perdi meu
tempo
Perdi o rumo
Mas os
sonhos
Esses não se
foram
Canções os
ressuscitam sempre
Mesmo quando
o corpo já não dança
E dançar foi
o maior dos sonhos
Dos pés
descalços no chão
Passos e
cicatrizes
E no espelho
quebrado
Os
personagens mais belos
Lágrimas e
rugas
Para a
menina da foto
De muito
tempo atrás
Para as
páginas em branco
Um atestado
insano
De quem não
quer o mesmo
Nem o eterno,
nem o novo
De quem
desdenha o próprio poema
Sem vinho,
sem pão, sem povo
Poeta sem
amor nem tema
Rogai por si
mesmo de novo!
Parti sem
mala, sem chão
Chorai
poema, sonhai canção
Talvez sua
alma bailarina
Alcance a
imensidão
Antes disso,
viva ainda
Para treinar
a travessia
Porque a
vida acaba
E ainda fica
a poesia.
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