terça-feira, 5 de abril de 2016

Castro Alves

169 anos


Desde a travessia dos mares e das noites
Dos gritos da escravidão
Da chibata e do açoite
Do engenho sem coração

Desde que a escuridão encheu os olhos
Daqueles que não amanheceram
Depois de muito lutar
E gravou seu canto no vento
Nos braços em movimento
Contra canaviais a derrubar

A mais de um século
Repete-se o eco libertador
De filho, pai e avô
Mãe preta, Sinhá, Senhor
Se a vida não muda a cor
Na pele perdura a dor

A fúria e a euforia
A caminho do mar sem norte
A tão sonhada alforria
A volta, a fuga, a morte!

E o eterno abolicionista
Faz da juventude seu patamar
Da poesia sua arma
E da Casa Grande o seu lugar

Castro Alves escreveu além do tempo
Poesia e emoção ao mundo inteiro
Trazidas nas velas do triste lamento

Do seu eterno Navio Negreiro.

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