Quando eu crescer, eu vou ou não ser
Não vou ser lavadeira
Porque não teremos mais rios
Nem pedras pra bater as roupas
E tampouco grama verde para estendê-las
Não vou ser tropeiro
Porque o tempo será curto para a rota traçada
Os automóveis chegarão
Com velocidade e cargas pesadas.
Não serei engraxate
Nem sapateiro
Porque os sapatos serão facilmente trocados
Baratos e comuns para o mundo inteiro!
Queria ser benzedeira,
Saber fazer remédio e oração
Mas quando cheguei para o mundo
A parteira que me trouxe logo se foi e não deu explicação
Certamente se foram com ela
A lavadeira, o tropeiro, o engraxate, o sapateiro
O mascate, a fiandeira e o leiteiro
E quanto mais eu cresço
Menos chance eu tenho de ser o que eu anseio
O eletrônico que desmonta o rádio
A telefonista que fala com o mundo inteiro
E no sonho da cidade grande
Seria ascensorista no elevador
Seria caixa no supermercado
Mas esse sonho também não vingou.
Os novos sonhos não me fascinam
Fascinante seria ainda ser doutor
Mas o doutor hoje trata dos softwares
Onde o homem perde para o computador
E os sonhos antigos para onde vão?
Perguntarei o meu amado professor
Aposentado, solitário
Aguardando a ordem do seu cuidador
Contando ao seu Walker talker
Lembranças de um mundo de amor!
Realida em poesia!
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