segunda-feira, 21 de março de 2022

ANTES DA PRIMAVERA

 Antes da Primavera


Sou disforme 

Com raízes, galhos,

Ramos, folhas

E ervas daninhas.

Mais internas que externas ...

E não vejo sementes!


Minhas raízes atravessam pedras

E não conduzem seiva

Aos galhos tortos

Nem longos, nem curtos.


Ramos são o melhor de mim!

Têm um alegre descompromisso

Uma liberdade dançante 

E se alimentam de vento!


Vento que leva em voo as folhas

Secas, amassadas

Ou cheias de poesia.


É a erva daninha o desejo

E o vento que canta seu par.

Ela que não voa , me sufoca

E ele não pode parar! 

Ela se alastra rapidamente

Sabendo que ele não voltará 

Se lança à todos os ventos

Não sabe ir e nem ficar...

De dia em direção ao sol

A noite exposta ao luar

Não sente as estações 

É inocente ao me matar.

É viçosa e fértil 

Sempre disposta a se entregar

Quando podada se revigora

Resiste, persiste em brotar!


E eu queria a Primavera

Que me cobrisse de flores

Coloridas e perfumadas

Que fossem colhidas pelos amantes

Entregues aos beijos às suas amadas...

Flores que depois da serenata

Fossem deixadas nas calçadas 


Maior parte de mim é erva

Sem saber que me incomoda

Para ensinar-me talvez 

Que antes da Primavera vem a poda!


21-03-2022 

DIA MUNDIAL DA POESIA


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