Também integra o livro Mestria do Olhar - Litteris Editora - 2006
Sentado na calçada
O homem de barbas longas
No olhar que se perde pela rua
Deixa o pensamento ao léu.
Mostrando-se na janela
A moça de tão rara beleza
Com sedução e sutileza
Levanta do rosto o seu véu
Andando pela rua
Uma criança indefesa
De olhar reluzente,
Não sei se princesa
Ou príncipe valente
Fantasia cavalos alados
Que a levem até o céu.
Feirantes e contadores de histórias
Tecem redes dos seus fios de esperança
Encantadores de serpentes
Carregam consigo desafios de criança.
Mulher bonita com vaso de barro
Joias multicores e laço na trança
Relembra a noite
Passada a meia luz
Regada a vinho, música e dança.
Noites na taverna
E dias de luta
Sob o sol escaldante
Na roda da vida
A ânsia eterna
De seguir adiante.
O homem de barbas longas
Volve seu olhar de forma apressada
Ouvindo o repique da moeda
Que cai pela calçada
Ainda menos que a vida
Ela tem duas faces
E nunca é desprezada.
A moça da janela
Tem nos olhos o brilho do amor
Seu coração nao mais se esconde
E sua beleza ao sol se revelou.
Se um dia foi sonho distante
De não se sabe onde
Hoje em realidade
Seu desejo se transformou.
A criança de olhar reluzente
Chama-se agora ¨gente¨
E tem os pés firmes no chão.
Olha o feirante, a moça bonita,
O velho barbado...
E à mulher da taverna estende a mão
E para contar sua história
Deitam-se na rede
Tecida com o vigor da juventude
Arrematada com fios de ilusão.
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