sábado, 24 de outubro de 2015

Cantiga da roda da vida

                                 O poema Cantiga da roda da vida foi escolhido para integrar a Antologia Literária Grandes Escritores de Minas Gerais pela Litteris Editora - 2001

 
Também integra o livro Mestria do Olhar - Litteris Editora - 2006


 
Sentado na calçada
O homem de barbas longas
No olhar que se perde pela rua
Deixa o pensamento ao léu.

Mostrando-se na janela
A moça de tão rara beleza
Com sedução e sutileza
Levanta do rosto o seu véu

Andando pela rua
Uma criança indefesa
De olhar reluzente,
Não sei se princesa
Ou príncipe valente
Fantasia cavalos alados
Que a levem até o céu.

Feirantes e contadores de histórias
Tecem redes dos seus fios de esperança
Encantadores de serpentes
Carregam consigo desafios de criança.
 

Mulher bonita com vaso de barro
Joias multicores e laço na trança
Relembra a noite
Passada a meia luz
Regada a vinho, música e dança.

Noites na taverna
E dias de luta
Sob o sol escaldante
Na roda da vida
A ânsia eterna
De seguir adiante.

O homem de barbas longas
Volve seu olhar de forma apressada
Ouvindo o repique da moeda
Que cai pela calçada
Ainda menos que a vida
Ela tem duas faces
E nunca é desprezada.

A moça da janela
Tem nos olhos o brilho do amor
Seu coração nao mais se esconde
E sua beleza ao sol se revelou.
Se um dia foi sonho distante
De não se sabe onde
Hoje em realidade
Seu desejo se transformou.

A criança de olhar reluzente
Chama-se agora ¨gente¨
E tem os pés firmes no chão.
Olha o feirante, a moça bonita,
O velho barbado...
E à mulher da taverna estende a mão
E para contar sua história
Deitam-se na rede
Tecida com o vigor da juventude
Arrematada com fios de ilusão.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário