Pôr do sol em Cinzas
Tarde de quinta-feira
Da mesma semana
Do esplendor do carnaval
E da dor das cinzas
Que sobre nossas cabeças
Altera as nossas rotas
Rota
Rotatividade
Rotação
Mais uma volta que o planeta completa
Em torno de si mesmo
Para nos dar o dia e a noite...
Outra vez visito o lugar silencioso
De vento fresco
Com seu portão transcendental
Por onde entram, muitos dos nossos, para ficar.
Lá repousam
Enquanto choramos...
E o vento nos sopra consolo
Enquanto mistura nossos cabelos em nossas lágrimas
E nos abriga em ombros diversos.
Como dói esse inevitável ritual!
O morro
O vento
A pouca grama
As flores
As velas que não se aguentam por um segundo!
Atrasei para o ritual de hoje
Levei meu abraço
Sem a agonia do canto de reza
Dessa vez...
E muitas outras cravadas na memória
Ainda doem...
Como o sol que se inclina para detrás das montanhas
Os corpos estão agora debaixo da terra
Haverá noite
E o sol voltará em poucas horas.
São muitas as metáforas
Dentre elas o intervalo de dez horas
Entre a notícia e o ritual...
Dez horas que temos para rever
A fragilidade da vida humana
Coberta de simbólica cinza
Voltando ao pó da terra.
Tempo para despir-se de si mesmo
De vestir a dor do outro
De ser um raio de sol que atravessa a nuvem
Cinza...
Cinza está o coração bondoso da minha amiga
Como o meu também esteve
E de outra também amiga que perdeu irmãos
Amiga que perdeu pai
Amigo que perdeu mãe...
Há cinza cada vez que me lembro das amigas
Que não desceram de lá
Para as quais o sol não mais se pôs, nem nasceu.
Mas a terra que recebe, segue
Gira e nos concede
Dias e noites
Para que vivamos bem
Todas as nossas horas.
Horas que passam:
Hora que chega!
Lindas palavras. Versos que se completam e exibem minha dor, nossa dor. Obrigada 😃
ResponderExcluirQue GRAÇA! ♥️
ResponderExcluir"Poesia é voar fora da asa". E vc faz isso com muita propriedade.
ResponderExcluirLindo demais 😍
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