domingo, 20 de outubro de 2013

MURALHA

“Hoje eu desejo que as arvores durem mais
Porque aprendi o valor de um ninho”
(E queria ser a maior delas para te abrigar)
Mas eu sou muralha.
E quando você se recosta cansado
Não te envolvo.
Quando você me pede para seguir
Eu continuo edificada aqui no nada.
Como pode um amor assim?
Se a luz da vida projeta sua sombra sobre mim...
Abri então suas grandes asas e voai
Voai em sua infinita solidão
Escondei-me nas suas sombras
Acreditai que nosso amor foi colisão
Simplesmente olhai do céu para mim
Olhai e vede que uma estrutura assim
Sem semente nem raiz
Decompõe-se em canção
Pouse sobre mim agora
Cante
Ame
Durma
Antes que se vá mais uma estação
Antes que os pássaros fiquem quietos
E as folhas se lancem ao chão
Pouse sobre mim agora
Cante
Ame
Durma
Acaricie-me com suas doces asas
De um anjo em descanso após a batalha
Dá-me de seu sangue, de seu calor.
Voai depois em pensamento
Levai nas asas que cantam
E ao vento veloz espalha
Um frio poema de amor
Escrito em uma muralha.



Nenhum comentário:

Postar um comentário