MEDOS
Eu tenho medo do teatro obrigatório
Da arte regular
Uniforme.
Do ofício que não bebe sangue
Nem esmaga a alma.
Eu tenho medo do palco sem estrelas
Das almas sem luz
Das máscaras sem olhos
Dos corações sem sonhos.
Eu tenho medo
Do pouso da gaivota
Do silêncio da poesia
Dos livros fechados
Do diploma da parede.
Eu tenho medo do mar no cartaz de verão
Da sua calma e do seu silêncio.
Porque nasci entre raios
Embalei-me em vendavais
Meu coração é de rochas e marés
E tenho asas.
Tenho olhos que se perdem no horizonte
E desejos que não se pode traduzir em palavras.
A explosão do princípio
Era melodia e arte
Era o sonho de Deus
Era você
Era eu.
Éramos todos nós
Já criados no céu e para o céu...
Então encenamos a vida
em drama
Esculpimos os amor na lama
Adão e Eva
O Édem, do inferno ao sétimo céu.
E quando perdemos o juízo
Caímos do paraíso
Palco escuro
Purgatório!
Eu tenho medo
Da ignorância
E do teatro obrigatório.
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