segunda-feira, 29 de novembro de 2021

SINFONIA

 


 

 

SINFONIA

 

Eu proponho que dances comigo

Até que o seu coração se ilumine e dilacere.

Venha!

Dê os primeiros passos

Em direção à estranha e ousada mulher que te incomoda.

Venha!

Deixe seu corpo colar ao meu,

Envolva-me com mais temor que alegria.

Envolva-me e feche os olhos.

Dance lentamente e minha voz substituirá a música

Em retribuição a todo silêncio quebrado para me socorrer

Quando as sombras da solidão me rondavam.

Ouça nas minhas palavras o eco de suas próprias canções.

Canções que me embalaram a vida!

Deixe-me dizer o que elas não dizem.

Abraçá-lo agora como durante todo o tempo desejei fazer.

Porque mesmo inconsciente seus braços já me envolvem

Seu corpo está extasiado.

Posso sentir o suor frio no seu rosto.

Deixe-me tocá-lo

Tão lentamente quanto andei cada milha em sua direção.


Dê-me um pouco mais do ritmo do seu corpo

Não se preocupe, treinei durante anos para não errar o passo.

É uma dança irônica, eu sei!

Em que meu corpo magro domina sua fortaleza.

Isso até soaria como um bom refrão!

 

São muitos os corpos que dançam aqui:

O garoto de treze anos dança ninando-me bebê

Acomodo-me perfeitamente em seus braços,

E o rapaz bonito grita para a garota perdida na multidão

Aqui está o homem maduro refletindo o eu tirou de mim.

Um belo casal dançando no centro da sala

Enquanto os filhos descem as escadas e brincam no jardim.

Você e eu, enfim!

 

Dois desconhecidos cujos corações acelerados se surpreendem

Com sua própria história.

Dancemos em silencio porque nem tudo poderá ser dito aqui.

Dancemos a dança do amor

Que libertará das vestes nossos corpos já em perfeito sincronismo.

Assim sonhamos e provamos

O que nem o riso, nem as lágrimas ousaram definir.


Dancemos a dança louca dos que perderam o rumo,

Dos que pularam no abismo,

Dos que se embriagaram

Dos que ousaram compor a sinfonia sem número

Que só se ouve uma única vez.

 

 

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário