sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Ironia

Nunca mais o sorriso sincero
Nunca mais o beijo quente de amor
Nunca mais a alegria, os planos,
O coração aberto de quem sonha...
Nunca mais o vigor da juventude
Nem o cheiro de gasolina.
Então chegou o caminhante, de longe...
E ela logo o abordou violentamente:
- Então vens para me mudar?
- Não!
- E para que vens então?
- Para vê-la!
- Ver-me? Não o faço eu sozinha o tempo todo?
- Vim de longe... Perdi meu ouro e tenho fome...
Tenho feridas no corpo e na alma...
Tenho os pés cansados e os olhos tristes...
- E vens para me ver? Ironia...
Seu nome deve ser ironia...
Por que então viria de tão longe retratos de mim mesma?
Da fome de amor e de pão... e da fome do perdão que nunca tive!
Que tanto pedi e tanto dei, mas nunca recebi...
És sim a ironia! Por estares tão longe quando precisei de ti...

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