terça-feira, 30 de outubro de 2012

Zé Maurício


São Paulo, dezembro de 1998.
Zé Maurício
        É morrendo de saudade que te escrevo agora.
        A história de que homem não chora, é apenas mais uma mentira cultivada na roça.
        Choro de saudade quando volto do trabalho. Quando olho tantos barracos e não conheço ninguém. Não tem prosa pra esperar a noite, não tem venda pra sentar na porta e ouvir moda de viola.
        O trabalho é duro, Zé. O ônibus vai sempre cheio de gente que reclama. E abre suas portas em frente à fabrica despejando gente que trabalha.
        Enquanto aí se mistura gente e bicho, aqui se confunde gente e máquina. Máquina que passa direto por outra máquina, e até passa por cima quando é preciso.
        A vida é dura, Zé!
        Mas a gente luta, a gente sonha e a gente pensa. Também a gente tem saudade e chora. Como agora.

Ass: José Francisco Coutinho

Nenhum comentário:

Postar um comentário