segunda-feira, 8 de outubro de 2012



AVE POESIA

... E a poesia criou asas no verso
            E voou entre nós!

Assim como em um impulso inato
As letras se uniram
No eterno fogo da paixão.

Assim como de uma origem inanimada
Nasceram as palavras
Transcrevendo a imaginação.

Assim, na inocência do poeta
No sangue das veias de um sonhador qualquer
Saiu rapidamente,
Como uma estrela cadente,
Traços esparsos desenhando um céu.

... E a poesia criou asas nos traços
            E voou entre nós!

E o voo da pequena ave
Conquistou espaço na nuvem branca!
Um voo sorridente no branco do céu
Cortando as linhas do horizonte
De um pedaço de papel.

A poesia bateu asas e subiu
Em busca da ampla visão
E o voo virou história
E as curvas chamaram-se páginas
Onde o sol não derretia
Nem os versos, nem os traços.
E a curiosidade fortalecia as asas

E a ave alçou voo
E encontrou o silêncio
Teve medo de cair
E quis saber o porquê.

Era apenas o comodismo
De uma mente automática
Que assimilava informações
Em vez de ter ideias
E acatava ordens
Em vez de questionar e tomar decisões.

O comodismo era o incandescente sol
Do céu de Ícaro
Derretia as asas da imaginação
E descoloria as flores do jardim.

A automação de um cérebro estacionado
Era o naufrágio do barco do velhinho de Hemingway
Era pane no motor do Fokker de Richard Bach...

E por que não dizer
Que o silencio irracional e inexpressivo
De uma mente estacionada
Seria o fracasso do Emplasto Brás Cubas
E a morte sórdida da borboleta preta
De Machado de Assis

O silêncio
Faz derreter as asas da nossa imaginação
O silêncio descolore as folhas
Onde guardamos nosso retrato interior.

E a ave, curvando-se no voo,
Mudou de página e sentiu o céu.

Numa nuvem de ondas cerebrais
E pulsação cardíaca.
Estava a poesia flutuando de encontro ao papel
De encontro à vida e a eternização da expressão.

Porque o céu é um livro aberto
Um horizonte com muitas linhas
Enfeitado pelo voo infinito de uma ideia

Porque o céu é um livro aberto
Um horizonte de entrelinhas
Desvendado pela expressão de uma ideia infinita

Porque as asas da poesia não se desfazem,
Ela corta céu e mar.
Voa no sonho, na dança, no grito,
No azul infinito
E no desejo de amar.

A poesia é chão, onda,
Anjos rabiscando o céu
A poesia é canto, conto, choro.
Sangue nas veias de um pedaço de papel.

Ave feita para morrer em pleno voo
E amar até a altura do céu!








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