AVE POESIA
...
E a poesia criou asas no verso
E voou entre nós!
Assim
como em um impulso inato
As
letras se uniram
No
eterno fogo da paixão.
Assim
como de uma origem inanimada
Nasceram
as palavras
Transcrevendo
a imaginação.
Assim,
na inocência do poeta
No
sangue das veias de um sonhador qualquer
Saiu
rapidamente,
Como
uma estrela cadente,
Traços
esparsos desenhando um céu.
...
E a poesia criou asas nos traços
E voou entre nós!
E
o voo da pequena ave
Conquistou
espaço na nuvem branca!
Um
voo sorridente no branco do céu
Cortando
as linhas do horizonte
De
um pedaço de papel.
A
poesia bateu asas e subiu
Em
busca da ampla visão
E
o voo virou história
E
as curvas chamaram-se páginas
Onde
o sol não derretia
Nem
os versos, nem os traços.
E
a curiosidade fortalecia as asas
E
a ave alçou voo
E
encontrou o silêncio
Teve
medo de cair
E
quis saber o porquê.
Era
apenas o comodismo
De
uma mente automática
Que
assimilava informações
Em
vez de ter ideias
E
acatava ordens
Em
vez de questionar e tomar decisões.
O
comodismo era o incandescente sol
Do
céu de Ícaro
Derretia
as asas da imaginação
E
descoloria as flores do jardim.
A
automação de um cérebro estacionado
Era
o naufrágio do barco do velhinho de Hemingway
Era
pane no motor do Fokker de Richard Bach...
E
por que não dizer
Que
o silencio irracional e inexpressivo
De
uma mente estacionada
Seria
o fracasso do Emplasto Brás Cubas
E
a morte sórdida da borboleta preta
De
Machado de Assis
O
silêncio
Faz
derreter as asas da nossa imaginação
O
silêncio descolore as folhas
Onde
guardamos nosso retrato interior.
E
a ave, curvando-se no voo,
Mudou
de página e sentiu o céu.
Numa
nuvem de ondas cerebrais
E
pulsação cardíaca.
Estava
a poesia flutuando de encontro ao papel
De
encontro à vida e a eternização da expressão.
Porque
o céu é um livro aberto
Um
horizonte com muitas linhas
Enfeitado
pelo voo infinito de uma ideia
Porque
o céu é um livro aberto
Um
horizonte de entrelinhas
Desvendado
pela expressão de uma ideia infinita
Porque
as asas da poesia não se desfazem,
Ela
corta céu e mar.
Voa
no sonho, na dança, no grito,
No
azul infinito
E
no desejo de amar.
A
poesia é chão, onda,
Anjos
rabiscando o céu
A
poesia é canto, conto, choro.
Sangue
nas veias de um pedaço de papel.
Ave
feita para morrer em pleno voo
E
amar até a altura do céu!
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